Nesta quinta-feira (05/09) o plenário da Câmara de Vereadores de Eunápolis começa a discutir o projeto de lei do legislativo, de número 17/2019, que autoriza o município a criar e implantar o Núcleo de Segurança do Trabalho na prefeitura local.
O município tem mais de 4 mil servidores nos seus quadros e que podem ser beneficiados com a iniciativa, de autoria do vereador Jorge Maécio (PP).
O Núcleo de Segurança do Trabalho, se aprovado, deve promover várias ações para os servidores municipais, como a ampliação da oferta de serviços de saúde do trabalhador e segurança no trabalho.
MEDICINA
Entusiasta do projeto, o médico do trabalho Raymundo Washington Leal Júnior usou o espaço da tribuna livre da Câmara, no dia 29 de agosto, no intuito de sensibilizar o plenário para que aprove o projeto.
Servidor municipal, o médico reconheceu, usando profissões como de professor e gari, como exemplo, a existência de muitos trabalhadores doentes, com doenças que poderiam ser evitadas, segundo ele, “se houvesse realmente uma atuação da medicina preventiva”.
“São professores com tendinite, bursites, causadas por movimento excessivo; ou ainda com cordas vocais prejudicadas. São garis com problemas de saúde, de artrose, pelo movimento, problemas pulmonares, porque eles estão respirando aquela poeira cheia de bactérias e de bacilos.” Reconheceu o profissional.
Paradoxalmente, disse ele, hoje em dia o que se vê são empresas preocupadas com a saúde do seu trabalhador. Comparou ainda que, para cada dólar investido na saúde do trabalhador, a empresa economizaria 7 dólares se fizesse prevenção. “Fazer prevenção de doença é muito melhor e mais barato do que curar doença”.
Por isso, defendeu a saúde preventiva e conclamou a Prefeitura de Eunápolis a se engajar no processo para aprovar a criação do Núcleo de Segurança e Saúde do Trabalhador.
HISTÓRICO
O médico Raymundo Leal Júnior começou resgatando um pouco da história do trabalho e das preocupações com a saúde do trabalhador ao longo dos séculos. Ele enfatizou que “o trabalho, desde a antiguidade, sempre foi visto como fomentador e modificador do viver, adoecer e morrer dos trabalhadores.”
Desde a época de 1500 já se fazia correlação, entre os mineradores, de carvão, na Alemanha, com doença no pulmão. No ano de 1700, um italiano chamado Bernardino Ramazzini, médico italiano, considerado o pai da Medicina do Trabalho, conseguiu catalogar, em um livro, 30 doenças relacionadas ao trabalho, desenvolvida por aqueles trabalhadores adoentados.
Nele, o autor relaciona 54 profissões e descreve os principais problemas de saúde apresentados pelos trabalhadores e ao mesmo tempo, chamando a atenção para a necessidade de os médicos conheceram a ocupação atual e pregressa de seus pacientes ao fazer o diagnóstico correto e adotar os procedimentos adequados.
Na segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, na Inglaterra, criou-se a primeira lei de proteção e saúde dos trabalhadores. Em 1919, com a criação da Organização Mundial do Trabalho é que realmente os organismos internacionais reconheceram a existência de doenças relacionadas ao trabalho.
“Trazendo isso para o nosso país, mais de perto, para nossa cidade, nós temos ainda hoje, em pleno século XXI, trabalhadores enfermos, com enfermidades causadas pelo próprio trabalho”, resumiu.