Quase mil pessoas estão desalojadas e desabrigadas no extremo sul da BA.
Mais de 90 pessoas trabalham para reunir roupas, calçados e alimentos.
Começam a chegar doações em Santa Cruz Cabrália, cidade no extremo sul da Bahia afetada por fortes chuvas durante o fim de semana. O Centro de Treinamento de Seleções da Alemanha, sediado em uma vila que pertence ao município, não foi afetado, de acordo com o Comissão Local para Asssuntos da Copa. Ao todo, são 992 desalojadas e 55 desabrigadas, segundo balanço da Defesa Civil.
“Tanto a Comissão Local quanto o Campo Bahia se solidarizam no apoio aos desabrigados e encabeçam uma grande campanha de arrecadação de donativos para aqueles que mais precisam de ajuda neste momento, prestando todo auxílio necessário. O momento é de solidariedade e estamos juntos nesta rede de apoio à comunidade”, diz, em nota, a Comissão.
Alimentos, calçados e roupas têm sido levados para a sede da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania da cidade, onde cestas são montadas e distribuídas para quem precisa. Pelo menos 90 pessoas trabalham mais de 12 horas para atender às vítimas do alagamento, entre funcionários e voluntários. Uma delas é a comerciante Sueli Brito de Oliveira. “Temos que dar graças a Deus por ter salvo vidas. Bem material a gente consegue trabalhando. A população inteira está ajudando”, afirma.
Mais de 60 cestas básicas foram distribuidas, além de filtros de água. “A tragédia foi grande. A gente tenta agora ajudar a população. Está todo mundo no mesmo barco. Um ajuda o outro para levantar a vida e seguir em frente”, diz o desempregado Aneilton Souza.
Um orfanato que abriga 14 crianças ficou completamente alagado e elas precisaram ser resgatadas por barcos. “Nós saímos daqui de canoa porque não tinha condições de sair de outra maneira. A água subiu mais de um metro. Perdemos todos os móveis que estavam na parte de baixo. Para a gente voltar para cá, a gente precisa de novo esses móveis. Muitos alimentos se perderam, roupas, sapatos”, diz Aparecida Pineiro, coordenadora do orfanato.
Calamidade pública
A prefeitura de Santa Cruz Cabrália decretou estado de calamidade pública na terça-feira (8) devido aos estragos causados após temporal. As chuvas deram trégua na cidade e as áreas de riscos continuam sendo levantadas com o apoio da Defesa Civil.
No decreto, o prefeito considera como agravantes o fato da cidade ser litorânea, com lençol freático elevado e influência de níveis das marés, o que pode gerar barreira natural na foz dos rios e dificultar a vazão das águas. Moradias de mais de mil pessoas foram afetadas, de acordo com estimativa atualizada do município.
A água da chuva destruiu ruas, pontes de acesso, prédios públicos, escolas e postos de saúde, informa o prefeito. A BR-367, que dá acesso à Porto Seguro e cuja pista tinha cedido, foi liberada na segunda-feira (7).
Com isso, o sistema municipal de prevenção de desastres fica em estado de alerta e, junto com outros órgãos, vai tomar medidas para o atendimento da população atingida e para a reconstrução das áreas afetadas. Além disso, a prefeitura pode convocar voluntários para reforçar ações emergenciais em resposta aos desastres, assim como arrecadação de verba para facilitar a assistência à população.
O trabalho em Cabrália é de limpeza e de tentar recuperar objetos e documentos estragados com a tempestade. Pelo menos três escolas municipais estão sem água. A situação é pior na Escola Estadual Professora Terezinha Escamaruça, onde a chuva muros e material didáticos, além de aparelhos eletrônicos, foram destruídos. Não há previsão para a retomada das aulas.
No centro de Cabrália, uma unidade de saúde que atende em média a sete mil pessoas está fechada. Nesta manhã, funcionários tentaram recuperar prontuários molhados e, além disso, vacinas do calendário público de saúde foram perdidas. Em algumas áreas, a água chegou a atingir dois metros de altura.
A prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Saúde deve começar a vacinar a população contra doenças como tétano, hepatite B, febre amarela e difteria. Equipes que atuam nas áreas de saúde e assistência social irão aproveitar a trégua das chuvas para visitar regiões que foram mais afetadas a fim de identificar as residências que não podem mais receber moradores e para ter informações sobre o quadro clínico das pessoas que enfrentaram temporais dos últimos dias.
Fonte: G1, com informações da TV Santa Cruz