Com o início da primavera, o nome que surgiu na minha mente foi Roberto Burle Marx, que foi um artista plástico e paisagista brasileiro. Ele foi o responsável por ter introduzido o paisagismo modernista no Brasil. Entre suas principais obras está o Parque Ecológico de Recife. Marx se autodefinia como um artista de jardins e inovou ao usar plantas nativas do Brasil em suas criações, o que se tornou sua característica marcante.
O trabalho de um jardineiro paisagista não é apenas podar os galhos e juntar as folhas com o ancinho. Ele precisava considerar o equilíbrio entre a casa e o jardim. O jardim não podia ser colorido demais, nem simples demais. Dizia: “A palavra-chave é equilíbrio”. Assim como o processo de parto, a criação vem com dores, complicações, náusea, fadiga, noites insones e até momentos de aflição.
O primeiro projeto paisagístico de Burle Marx para o Ibirapuera foi preterido durante o processo de construção do parque em favor do plano do arquiteto, paisagista e engenheiro agrônomo Otávio Augusto Teixeira Mendes. Para tal fato, haveria uma obstrução ao projeto de Burle Marx por Oscar Niemeyer, a de que o alto custo de seu projeto tenha sido um fator inviabilizador e a de que, simplesmente, seu projeto chegou em um momento não muito oportuno.
Ele conseguiu transformar as paisagens. Nunca falamos tanto de paisagem como em nossa época, pois é também meio ambiente, e jamais devastamos tanto o meio ambiente; quanto mais se pensa na paisagem, mais ela é massacrada. Os paisagistas estão como médicos diante de uma pandemia de um novo gênero: eles fazem o que podem e, pontualmente, fazem sempre muito bem; mas sozinhos nada podem contra a devastação da natureza.