Buerarema: Força Nacional apura participação de policiais em segurança de jogo

Chefe da Divisão de Desporto diz que pediu reforço com medo de invasão.

Buerarema: Força Nacional apura participação de policiais em segurança de jogoHomens da Força Nacional foram solicitados para fazer a segurança de uma partida de futebol realizada pela prefeitura de Buerarema, no sul da Bahia, no domingo, dia 5 de janeiro. O pedido, enviado pelo chefe da Divisão de Desporto do município, Fredson Silva de Carvalho, foi feito para evitar uma possível invasão dos índios da região durante a final da competição, intitulada “Copa da Paz”.

“Esse campeonato aconteceu em uma área agrícola e nossa cidade está vivendo esse clima de conflito. Ocorreu o comentário de que os índios iriam invadir o campo e que não iam deixar realizar a final do campeonato. A comunidade estava preocupada com essa possível invasão e aí eu decidi pedir o apoio da Força Nacional”, disse Fredson Carvalho em entrevista nesta quinta-feira (16).

De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério da Justiça, “A Força Nacional é empregada em casos de emergência e no apoio às forças policiais locais, PRF e PF. O comando da Força Nacional já acompanha o caso com a abertura de procedimento para a apuração dos fatos e confirmar ou não a presença de policiais da Força Nacional no evento citado”.

O local onde a partida foi realizada, conhecido como Km 3, segundo informou a prefeitura de Buerarema, é alvo de disputa de terras entre fazendeiros e indígenas. De acordo com o prefeito da cidade, Guima Barreto, nenhum ofício foi enviado para informar o pedido feito à Força Nacional. Porém, segundo Fredson Carvalho, o prefeito não estava ciente dessa solicitação porque não estava na cidade quando o documento foi enviado.

“Como eu sou chefe, eu tomei essa decisão sozinho. Eu pensei até que eles [Força Nacional] não fossem, mas como é uma área de conflito, eles atenderam a solicitação. O ofício foi enviado ao Comandante Serra no dia 3 de janeiro, solicitando dez homens para a final do campeonato no dia 5, das 15h às 18h. Oito homens compareceram. Foram duas viaturas e cada uma com quatro deles”, relata Carvalho.

Além dos homens da Força Nacional, quatro policiais militares também foram responsáveis pela segurança durante a partida de futebol. Apesar da ameaça de invasão, não foi registrado nenhum conflito no dia da partida.

Segundo o prefeito da cidade, essa é a segunda edição do campeonato que tem o objetivo de “acalmar os ânimos” na região. Além dos troféus, o prêmio para o primeiro lugar foi de R$ 2 mil e R$ 1 mil para o vice-campeão. Oito times formados por moradores de Buerarema fizeram parte do campeonato, realizado em seis domingos desde o ano passado.

Conflitos

A área em disputa por índios e fazendeiros tem cerca de 47 mil hectares e fica entre Ilhéus, Una e Buerarema. As ocupações pelos indígenas começaram depois que a Fundação Nacional do Índio (Funai) divulgou um estudo que indicou que o território já tinha sido morada de povos indígenas no passado. Em agosto de 2013, tropas da Força Nacional foram enviadas para garantir a segurança de moradores da região após conflitos entre índios e fazendeiros. Em dezembro do ano passado, a BR-101 foi bloqueada durante 15 horas por manifestantes que pediam a instalação da Base de Pacificação para o conflito indígena.

Segundo o prefeito de Buerarema, a última audiência realizada com o governo do estado para resolver a situação foi em outubro do ano passado. “Tivemos audiência no dia 25 de outubro, em Salvador. Uma comissão foi montada com vereadores, agricultores, produtores e eu. A reunião foi com o governador e o Ministro da Justiça, mas até agora nós estamos aguardando”, disse Guima.

O prefeito ainda contou que a comunidade está revoltada por causa da morosidade da Justiça em resolver a situação. “Aí ocorre quebra-quebra na cidade. Quando passa um índio eles viram o carro, tocam fogo. Se não resolver a situação, eu não sei o que vai acontecer. Já tem umas cem fazendas ocupadas pelos indígenas. Há uns três anos eram apenas três, quatro. Os produtores montaram barracas na praça da cidade sem ter para onde ir. A cidade ficou parecendo uma favela e o comércio foi prejudicado”, relatou.

 

 

 

Fonte: Danutta Rodrigues/G1

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