Neurocientista desenvolve equipamento que pode fazer paraplégico andar.
Dez voluntários participarão do experimento, que será feito na AACD.
O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis anunciou que vai iniciar no Brasil, entre o fim de outubro e início de novembro, testes com humanos do exoesqueleto que, segundo o pesquisador, fará um jovem paraplégico dar o pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014.
A informação foi divulgada nesta sexta-feira (4) durante o Seminário “Inovação: investimentos em pesquisa e desenvolvimento”, promovido pela revista “Brasileiros”, em São Paulo.
Ele participou do encontro por meio de teleconferência, direto da Universidade Duke, nos Estados Unidos, onde está um dos laboratórios que desenvolve o exoesqueleto.
Segundo o pesquisador, cerca de cem cientistas dos Estados Unidos, da Europa e do Brasil trabalham no projeto “Andar de novo” (Walk Again Project). Nicolelis afirmou que pequenos testes já foram feitos com humanos, com partes do equipamento.
“No Brasil, eles [os testes] vão começar entre o fim de outubro e começo de novembro. Nós já testamos as articulações, motores e controle neural, e agora tudo isso está sendo montado, finalizado. Na simulação [o exoesqueleto] funcionou bem, mas agora o desafio é colocar a veste completa, com articulações e movimentos”, explicou o pesquisador.
Laboratório na AACD
Experimentos com voluntários serão realizados na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), em São Paulo, onde também passará a funcionar até o fim deste mês um laboratório dirigido pelo brasileiro.
Segundo Nicolelis, dez pessoas já foram selecionadas e vão participar da nova fase da pesquisa.
O exoesqueleto é um aparelho que envolve os membros paralisados – no caso de um paraplégico, as pernas. Ele pode ser conectado diretamente ao cérebro do paciente, que então controlaria o equipamento como se fosse parte de seu próprio corpo. Dessa forma, seria perfeitamente possível que um paraplégico chutasse uma bola.
A técnica faz parte de uma linha de pesquisa conhecida como interface cérebro-máquina, com a qual o brasileiro já obteve resultados internacionalmente relevantes. Em um dos mais importantes, fez com que macacos não só controlassem uma mão virtual, como também que sentissem uma espécie de tato quando exerciam a atividade.
O projeto “Andar de novo” é uma parceria entre instituições de Duke (EUA), Lausanne (Suíça), Berlim, Munique (ambas na Alemanha), Natal e São Paulo.
Fonte: Eduardo Carvalho/G1