Bombardeio

Bombardeio

Londres sofreu quase 28 mil ataques à bomba entre 7 de outubro de 1940 e 6 de junho de 1941. Um desses momentos trágicos aconteceu na estação de metrô 70 pessoas perderam a vida. A cidade ucraniana de Mariupol sitiada pelos russos 300 pessoas foram mortas no ataque a um teatro. E vi uma foto mostrando um prédio bombardeado, os cômodos abertos ao mundo como os de uma casa de bonecas, todos aturdidos. Não consigo imaginar o que estão passando, os horrores da guerra de que tentam fugir. Muitos se arrastando a pé, carregando malas ou empurrando carrinhos. Até as crianças levam alguma coisa: uma Bíblia, um saco com roupas. Muitos andam em pequenos grupos, mas outros sozinhas. Um casal de médicos que conseguiu fugir de Mariupol disse “Fugimos do inferno. Tropeçava-se em cadáveres na rua. “Queiram ou não, suas vidas tão organizadas há tão pouco tempo, giram agora em torno de bombas e destruição, caramba quanta tristeza, quanta dor, e isso tem que acabar. Circunstâncias como estás serão dissolvidas em nossas mente, como se tivessem acontecido há muitos meses, mas para os que sofrem os traumas são para o resto da vida.

Como o nascer do sol, como o pão à mesa, eles sempre tinham suas rotinas. Agora a rotina também foi bombardeada. Pessoas loucas pela vida, por seus prazeres, por seus triunfos, pela amizade, pelo amor, pela felicidade, o céu continua azul, apesar dos bombardeios, estes 300 que morreram no teatro nunca mais vão olhar este azul, nunca mais o pão à mesa ao nascer do sol, aqueles enormes olhos azul – esverdeados então fechados, ou numa cama do hospital, ou chorando a morte de um ente querido.

Os que tentam fugir deste horror da fome e das mortes são ucranianos que entraram no ciclo sem esperança de uma existência animal. Estão ali diante de um mundo que não compreendem, e onde não conseguem fugir. Penso na citação de Flannery O’ Connor: “A verdade não muda segundo nossa capacidade de suportá – lá”.

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