A elevação dos preços da arroba de boi gordo pode derrubar o confinamento de gado para apenas 1,9 milhão de cabeças neste ano, número jamais esperado pelo setor -há três anos eram 3 milhões de cabeças.
Se de um lado essa alta melhora a renda dos pecuaristas que têm animais prontos para vender, do outro dificulta a compra de boi magro para recomposição dos confinamentos, devido à elevação de preço dos animais.
A arroba de carne subiu ontem para R$ 88 no noroeste paulista, enquanto o boi magro de 24 a 30 meses foi a R$ 1.050, segundo cotações do Instituto FNP.
Mas vender bem neste momento não significa aumento de renda se o pecuarista não fizer uma boa reposição do gado que vai confinar, diz Juan Lebrón, diretor-executivo da Assocon (Associação Nacional dos Confinadores).
“O custo de reposição está elevado e tirando muitos confinadores do mercado.”
A produção de gado confinado exige atualmente uma engenharia financeira. O produtor precisa comprar o boi agora e já garantir a venda em maio, com boa margem de ganho.
O pecuarista já aprendeu a não comprar caro, mas não são todos que se utilizam das ferramentas financeiras atuais, diz Lebrón.
Nos últimos dois anos, a redução de animais confinados já soma 40%, segundo o presidente da associação. Isso porque a atividade frustrou muitos pecuaristas.
Dentro dessa lista dos que estão deixando a atividade estão não apenas pequenos confinadores, mas também grandes grupos “com projetos encorpados”. Muitos saíram, aliás, perdendo dinheiro, diz ele.
As perspectivas para o próximo ano podem ser melhores, porque o Brasil estará em fase de recomposição do rebanho, ao contrário de outros grandes mercados mundiais. Os preços podem ser atraentes e haver aumento de animais confinados.
Reposição – A valorização de preços no setor pecuário aponta para a necessidade de os projetos de cria (produção de bezerros) reporem não apenas os plantéis com vacas mais jovens, mas também aumentar a quantidade de fêmeas.
Fonte: Folha de São Paulo