Aprendi a andar de bicicleta com sete anos, morava em Porto Seguro, uma daquelas bicicletas da década de sessenta, marca Brenabor, dura, mas firme, que sensação gostosa de liberdade para uma criança, você se equilibrando em duas rodas. Andava por ruas de terra batida, não tinha asfalto naquela época. Vejo hoje este movimento em Salvador do uso da Bike, em que sinto a humanização da cidade e de mais vida para os ciclistas que sentem o vento no rosto enquanto pedalam, é relaxante, além de trazer um colorido diferente na paisagem da cidade. A dificuldade é o trânsito e a poluição, além do desrespeito ao ciclista já que tem muito atropelamento e mortes, só é seguro sair em grupo. Mas para quem pratica o ciclismo, nada é mais gratificante do que sentir a sensação de liberdade. Através do vidro do carro você fica fechado no seu mundo. Na bike o mundo é mais luminoso, sentindo o ar morno da noite.
Um passeio com lua cheia na orla marítima dá um sentimento de calma. Na aparente candura de um passeio de bicicleta o mar é um chamado de vida.
Uma vidinha lenta, insípida com noites silenciosas, ruas estritas, e o suor escorrendo ativo pela testa e pelo pescoço. É a queda desamparada no infinito do agora. Segurar o guidon com as mãos e pedalar sem rumo.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.