Só em Salvador, foram 200 casos registrados no ‘Disque 100’ no período.
Em 2013, estado ficou em terceiro lugar; vítimas de abuso contam relatos.
Salvador foi a terceira cidade do país com maior número de denúncias de exploração sexual infantil em 2013, atrás do Rio de Janeiro e de São Paulo, segundo informações da Secretaria da Justiça Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH).
De acordo com dados da SJCDH, de janeiro a abril deste ano, foram registradas 800 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes através do “Disque 100” na Bahia, serviço telefônico criado para casos de abuso sexual infantil.
Em Salvador, no mesmo período, foram registradas 200 ocorrências. Cidades como Feira de Santana, Camaçari, Ilhéus, Vitória da Conquista, Jequié, Lauro de Freitas, Dias D´Ávila, Texeira de Freitas e Alagoinhas estão entre os 10 municípios com maior número de denúncias.
Em Salvador, uma instituição no subúrbio abriga crianças e adolescentes que foram vítimas de abusos sexuais. A diretora do local também foi vítima da violência sexual quando era criança.
“Eu tinha 10 anos de idade, sou de uma família muito humilde. Aos 10 anos, uma criança tinha que fazer os serviços domésticos na casa dos vizinhos. E um desses vizinhos, um homem de 28 anos, me pegou, estuprou e eu perdi minha virgindade de uma forma que não desejaria ao meu pior inimigo”, contou Vera Guimarães.
A diretora tinha guardado algumas economias e, no ano de 2004, conseguiu comprar o terreno onde hoje funciona a instituição, que acolhe 126 meninas, entre elas, uma garota violentada pelo pai dos seis aos 13 anos e tem um filho dele, que tem quatro anos. “Ele me ameaçava se eu contasse ia embora, eu tinha medo, não tinha pra onde ir. Eu luto todos os dias para meu filho não passar o que eu passei”, afirmou a jovem, que não pode ser identificada.
Uma outra jovem foi violentada pelo padrasto dos sete aos 11 anos e teve um filho dele com apenas 10 anos. “Ela sabia [a mãe], ela viu, mas ela dizia que era eu quem queria. Eu acho que, se ela tivesse denunciado, eu acho que eu tava livre”, relatou a menina.
Todas as meninas vítimas de estupro e que moram no abrigo foram violentadas em casa, quase sempre pelo pai ou padrasto, por isso, perderam o vínculo com a família. Por conta dessa situação, Vera Guimarães faz um desabafo. “Quem abusou das minhas crianças, das minhas pérolas, deveriam protegê-las e isso é o mais triste, né? Que se inverte os papeis, as adolescentes precisam vir para uma casa de acolhimento e enquanto o agressor ainda fica lá, solto, fazendo novas vítimas”, diz. Quem quiser ajudar o Lar Pérolas de Cristo, pode ligar para 71 3397-3535.
Fonte: G1