Bahia avança para alcançar status de livre da aftosa sem vacinação

Seagri iniciou segunda etapa da campanha de vacinação somente para animais com até 24 meses. Pecuaristas economizam R$ 11 milhões

(Itanhém, Itamaraju e Guaratinga) – A Bahia, que nos últimos anos vem batendo recordes na cobertura vacinação contra a febre aftosa e está há 14 anos sem registrar nenhum caso de aftosa, (última ocorrência foi em 1997), deu nesta terça-feira, (1º de novembro), um importante passo para alcançar o status de livre da febre aftosa sem vacinação. Demonstrando a importância do extremo sul para a pecuária baiana, o secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, e o diretor geral da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), médico veterinário Paulo Emílio Torres, fizeram o lançamento simultâneo, nos municípios de Itanhém, Itamaraju e Guaratinga, da segunda etapa da Campanha de Vacinação Contra a Febre Aftosa, que vai imunizar apenas os animais com idade até 24 meses.

A campanha vai até o dia 30 de novembro e, além de vacinar, os pecuaristas devem fazer a declaração nas agências da Adab. O município de Itamaraju tem o maior rebanho bovino do estado, com 177 mil cabeças, seguido por Itanhém, com 155 mil e Guaratinga, com 147 mil. Os prefeitos dos três municípios e os de Lajedão, Prado, e Jucuruçu, vereadores, centenas de produtores e líderes sindicais participaram dos eventos, que em Guaratinga contou com a presença do chefe regional do Mapa em Eunapólis, Gilberto Pedreira, representando a Superintendência Federal do Ministério da Agricultura na Bahia.

A Bahia é detentora do maior rebanho bovino da região Nordeste, com cerca de 11 milhões de cabeças, e tem apresentado, nos últimos anos, estabilidade sanitária referenciada nacionalmente. A redução da faixa etária vacinal nesta etapa de vacinação atende a aproximadamente 265 mil pecuaristas em 409 municípios baianos. No total, cerca de 6,5 milhões de animais adultos deixarão de ser vacinados, representando economia da ordem de cerca de R$ 11 milhões para os pecuaristas baianos. Nos oito municípios componentes da Zona de Proteção, (Formosa do Rio Preto, Santa Rita de Cássia, Mansidão, Remanso, Buritirama, Casa Nova, Pilão Arcado e Campo Alegre de Lourdes), os pecuaristas deverão continuar vacinando todos os animais, jovens e adultos, para manter o rebanho livre da doença, pois fazem divisa com estados caracterizados com status sanitário de médio risco.

Lembrando que na última campanha o índice de vacinação bateu novo recorde e alcançou a marca de 98,01% do rebanho, o secretário disse que a autorização do Ministério da Agricultura, (Mapa), para que a partir de agora a segunda etapa da vacinação seja apenas para os animais de até 24 meses “é uma conquista de todos nós, do governo do Estado e dos pecuaristas que com muita responsabilidade fazem seu papel, e é também fruto da importante parceria com o Mapa”. Salles enfatizou que “vamos continuar trabalhando com afinco com o objetivo de realizarmos uma só vacinação, visando alcançarmos a meta do governo que é ter a Bahia declarada estado livre da febre aftosa sem vacinação”.

Destaque nacional

“Nossa atuação, juntamente com a participação dos pecuaristas, e o apoio da Federação da Agricultura do Estado da Bahia, (Faeb), dos sindicatos e associações, resulta no sucesso das ações de defesa e nos coloca em posição de destaque no cenário nacional”, disse o diretor-geral da Adab, Paulo Emílio Torres, destacando ainda o empenho dos técnicos da Adab. Para Rui Leal, diretor de Defesa Sanitária Animal da Adab “essa é mais uma conquista decorrente das ações permanentes de vigilância veterinária, dos índices crescentes de vacinação dos animais e da eficiência na fiscalização do trânsito”.

Evolução do Controle Contra Febre Aftosa na Bahia

A estratégia de vacinar apenas os animais com idade até 24 meses é o resultado de um intenso trabalho do governo do Estado através da Seagri/ Agência de Defesa Agropecuária da Bahia. O parecer favorável do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), com apoio da Superintendência Federal da Agricultura na Bahia (SFA), divulgado em julho deste ano, alcança aproximadamente 265 mil pecuaristas em 409 municípios baianos. Com a medida, cerca de 6,5 milhões de animais adultos deixarão de ser vacinados, representando economia da ordem de R$ 11 milhões para os criadores do Estado. Esse montante poderá ser investido na qualificando do rebanho, consolidando a atividade pecuária em todo o território baiano.

“O Estado da Bahia, ao longo dos anos, tem demonstrado uma forte vocação agropecuária, refletida nos crescentes indicadores de produtividade, diversificação e comercialização de produtos e serviços gerados no agronegócio, e pelo avanço no processo de agroindustrialização”, destaca o secretário Eduardo Salles. Ele lembrou que a agropecuária representa 24% do PIB, gera 30% dos empregos no Estado e 42% das exportações.

Entre as ações que contribuíram para o parecer favorável à Bahia, a Superintendência Federal da Agricultura, (SFA), na Bahia destacou também a adequação da estrutura de atenção veterinária, atualização e qualificação dos servidores, bem como as taxas de cobertura vacinal sempre acima dos 95% nos últimos cinco anos, alcançadas em etapas semestrais de vacinação. O documento da SFA destacou que a Bahia tem atendido às exigências sanitárias não só do Ministério, mas também dos organismos internacionais, apresentando condições técnicas e estruturais para a modificação da estratégia de vacinação.

Com a alteração da estratégia de vacinação contra a febre aftosa no Estado, o rebanho da Bahia passa a ter as mesmas condições sanitárias dos rebanhos dos estados de RS, PR, SP, MG, ES, MS, GO, TO, MT e RO. “Essa é mais uma conquista decorrente das ações permanentes de vigilância veterinária, dos índices crescentes de vacinação dos animais e da eficiência na fiscalização do trânsito”, pontuou o diretor geral da Adab, Paulo Emílio Torres, salientando que o planejamento da Defesa Agropecuária baiana está alinhado com as diretrizes do Mapa dentro do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA).

Para o diretor de Defesa Sanitária Animal, Rui Leal, outro aspecto positivo para a redução da faixa etária de vacinação dos animais foi a “colaboração da iniciativa privada para o alcance dos índices exigidos, a consolidação do cadastro de propriedades rurais e os investimentos do governo do Estado em tecnologia para a defesa agropecuária”. Leal destacou a implantação da Guia de Trânsito Animal (GTA) Eletrônica, a aquisição do Sistema de Integração Agropecuária (Siapec) e a implantação do Sistema de Monitoramento Via Satélite (AdabSat) como fatores para garantia da qualidade das atividades dos técnicos da Adab no campo.

“O fortalecimento da Defesa Agropecuária tem sido um dos alicerces do desenvolvimento do setor, principalmente a partir da criação da Adab que se tornou uma referência exitosa na consecução de metas importantes para assegurar a qualidade do patrimônio pecuário baiano”, afirmou o presidente da Federação da Agricultura do Estado da Bahia, João Martins.

Histórico contra a Febre Aftosa

A Bahia foi um dos estados pioneiros na implantação do programa contra a febre aftosa em 1968 através do Grupo Executivo para Erradicação da Febre Aftosa na Bahia (Gerfab). Até 1992, após a criação dos circuitos pecuários, a participação efetiva do Estado, produtores, setor privado e sob a orientação do Mapa, as ações tomaram novas perspectivas. “Impulsionadas pelos reconhecimentos nacional e internacional, os trabalhos de combate a esta enfermidade adquiriram importância técnica administrativa e econômica, registrando o último foco em território baiano no ano de 1997. Desde então não houve episódio sanitário desta doença no Estado”, lembra Valentim Fidalgo, médico veterinário e ex-diretor de Defesa Sanitária Animal da Adab, que coordenou o programa contra aftosa em nível estadual durante 25 anos.

Sempre em conformidade com as determinações do Mapa, a Seagri, através da Adab, adotou medidas padronizadas e uniformes, contribuindo decisivamente para a evolução do Programa, garantindo a efetividade das ações até conseguir a chancela da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) com a Certificação Internacional, conferindo à Bahia o Estado Livre de Febre Aftosa com Vacinação em maio de 2001.

Considerando a posição de vanguarda no status sanitário baiano, com reflexos diretos no trânsito, comercialização dos rebanhos e produtos agropecuários, o governo do Estado iniciou um intenso trabalho para extinguir a Zona Tampão, área composta por oito municípios com 10 mil criadores e um rebanho de 255 mil animais, impedidos de comercializar com as demais regiões baianas por fazer divisa com PI e PE, classificados à época, como risco desconhecido para a febre aftosa.

A campanha pela extinção da referida área, tornando o negócio pecuário baiano mais igualitário, transformou-se então numa das metas deste governo da Bahia por entender que a atividade estimula o desenvolvimento de outros setores econômicos no Brasil e no mundo, melhorando sobremaneira a qualidade de vida do homem do campo.

O marco histórico para a mudança do perfil do agronegócio baiano, de apoio à agricultura familiar, foi então consolidado no dia 28 de dezembro de 2010 através da Instrução Normativa nº 45 do Mapa, extinguindo a Zona Tampão e ratificando o comprometimento das iniciativas pública e privada em prol da agropecuária baiana.

“A homologação da Zona de Proteção, em maio de 2011 pela OIE, constituiu mais uma conquista desse governo rumo à meta de tornar o Estado livre da febre aftosa sem vacinação”, lembrou o coordenador do Programa Contra a Febre Aftosa na Bahia, Antonio Maia, destacando o trabalho dos técnicos e fiscais agropecuários da Adab em campo como outro fator para o sucesso das atividades contra a enfermidade.

“Avançamos muito nos resultados porque conseguimos a união entre os entes que compõem a atividade. As conquistas alcançadas nos últimos anos são emblemáticas por representar o sucesso da parceria entre governo, produtores e iniciativa privada, todos unidos em busca de um objetivo único. Após a redução da faixa etária vacinal dos bovinos e bubalinos para até 24 meses, vamos seguir superando outros desafios. Ganha a pecuária baiana, cada vez mais forte, e a sociedade, com o aquecimento da economia e a geração de emprego e renda”, finalizou o diretor geral da Adab.

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