“Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mateus 22.40)
A “Lei e os Profetas” envolvem todos os textos sagrados que orientavam a religiosidade judaica. O perito da lei que havia interrogado Jesus certamente havia dedicado grande parte de sua vida e esforço em aprende-los. Ele certamente sabia de memória muitas partes e colecionava as muitas possíveis interpretações de cada uma, assim como os ritos e celebrações que inspiravam. Os judeus nutriam uma religiosidade intensamente ritualista e simbólica. E sua mente estava doutrinada para classificar e julgar com base em tudo isso: isso é sagrado, aquilo é profano; aquilo é aceitável a Deus e aquilo outro é reprovável aos Seus olhos. E os peritos da lei, particularmente, acreditavam que sabiam a fórmula inquestionável para julgar.
Mas Jesus veio e os confundiu e confrontou. Eles pensavam entender tudo sobre Deus e revelavam-se completamente ignorante sobre pessoas. Eles não amavam a Deus e nem às pessoas. Eles amavam a sua religião e a colocavam entre Deus e as pessoas. A Deus tentavam impressionar e às pessoas, julgavam como forma se alimentarem o próprio ego e senso de justiça. Um quadro espiritual que tem muito a nos ensinar hoje, 21 séculos depois. De forma similar esse quadro ainda permanece. Às vezes amamos mais nossa religião que amamos a Deus e às pessoas. Julgamos, e produzimos mais culpa e medo do que celebramos a leveza da graça que Jesus nos trouxe. E tudo se cristalizou tanto assim que não é fácil criticar e tentar mudar!
Precisamos entender o que Paulo entendeu: sem amor nada tem valor (1 Co 13.1-3). Precisamos entender o que João entendeu: sem amor às pessoas, o amor que achamos ter por Deus é um engano (1 Jo 4.20-21). Precisamos ler e reler o que Jesus disse ao perito da lei e aplica-lo a nós: do amor a Deus e ao próximo dependem toda a Lei e os Profetas. Se como eu, você está a muito tempo na jornada de fé religiosa, certamente que aprendeu muito e se aculturou à sua religião. Mas devemos nos perguntar o quanto essa jornada é também a da fé em Cristo Jesus. Devemos pedir ao Espírito Santo que nos ajude a discernir se estamos seguindo a Cristo ou ao cristo que nossa religião criou. E o indicador inegociável e inequívoco é o amor. O quanto já aprendemos a amar a Deus e às pessoas?