“Quando Simão Pedro viu isso, prostrou-se aos pés de Jesus e disse: ‘Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador!’” (Lucas 5.8)
A pobreza pode ser de vários tipos, assim como a riqueza. Há os pobres e ricos materiais e é fácil distinguir um do outro. Mas há outras pobrezas mais sutis e também mais difíceis de serem percebidas e de serem remediadas. Há os pobres e ricos intelectuais, emocionais, relacionais e espirituais ou existenciais. A pobreza espiritual é a grande tragédia humana. Ela alimenta todas as demais e dá causa a elas. Pedro e seus amigos não eram ricos materiais. Mas lhes faltava mais que peixes ou dinheiro. E o encontro com Jesus lhes revelou isso.
Bem aventurado aquele que recebe revelação sobre si mesmo, sobre o que lhe falta espiritual e existencialmente. Esta é a verdadeira revelação que o Evangelho proporciona a pessoas que vivem num mundo tão materialista! Sem essa revelação nenhuma outra tem de fato significado. Jesus havia acabado de operar um milagre material propiciando uma pesca inusitada. De onde não se esperava peixe algum eles vieram com tal abundância que Pedro e seus amigos quase viram seus barcos irem a pique. Mas assim que “viu isso”, Pedro viu algo mais. Viu a si mesmo e reconheceu que era um pecador. Coisa proporcionada pelo Espírito Santo que age para que cada ser humano possa ter a visão que Pedro teve.
Vivemos numa sociedade em que a grande maioria gosta de se justificar e de se explicar – gente que não se enxerga! Como cristãos devemos aprender a confessar e reconhecer nossos pecados. Somos incentivados a andar de cabeça erguida, como quem não deve nada a ninguém. Facilmente essa cabeça erguida torna-se um nariz empinado! Como cristãos devemos aprender a renunciar o nariz empinado e a adotar o joelho dobrado. O começo de tudo na fé cristã é a confissão que Pedro fez: “sou pecador”. Essa é nossa mais séria pobreza e somente Jesus pode nos ajudar. Mas antes que Jesus pudesse aproximar-se para transformar Pedro, era preciso que ele reconhecesse sua condição ao ponto de dizer “afasta-te de mim”. Que o Espírito Santo nos ajude a ver quem realmente somos! Jesus não se afastou de Pedro e não se afastará de nós!