Nada exemplifica tão bem o caráter de nossa cultura como a visão de pessoas andando por ruas apinhadas conversando por celular.
Por outro lado, esse fenômeno está de acordo com o princípio de que “tempo é dinheiro”.
Nenhum momento deve ser “desperdiçado “. É melhor fazermos duas ou três coisas simultaneamente. Podemos falar pelo telefone enquanto dirigimos um carro. Graças a telefones celulares, podemos ser constantemente interrompidos, seja no meio de outra conversa,ouvindo um concerto, sentados na igreja ou até mesmo quando dormimos.
Por outro lado, toda essa “conexão ” reflete um terrível desejo de estar em outro lugar, qualquer um, exceto o momento que existia, e hoje estamos neste outro lugar, mais quieto e silencioso.
Não tínhamos tempo, reclamávamos dos horários apertados. É claro que existe um verdadeiro espírito de trabalho, e é necessário para o progresso e crescimento humano.
Mas há algo mais acontecendo no fundo da alma quando aquilo que realmente nos move é a necessidade de evitar a quietude. Muitas receitas de felicidade não fazem mais do que alimentar o desejo por diversão. Esse tipo de “felicidade ” não passa de uma máscara para esconder nossa verdadeira condição?
Os lugares quietos estão se tornando cada vez mais raros.
Talvez, este momento de quietude no mundo inspire obras e atividades mais criativas e belas,apesar do sacrifício de muitas vidas.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.