“Assim tirou tudo aquilo, e em seguida pegou seu cajado, escolheu no riacho cinco pedras lisas, colocou-as na bolsa, isto é, no seu alforje de pastor e, com sua atiradeira na mão, aproximou-se do filisteu.” (1 Samuel 17.39-40)
A história de Davi e Golias é cheia de fatos inusitados. Um deles foi o rei, Saul, concordar em enviar o rapazinho para lugar com o gigante. Imagino que o desespero era muito grande! Tudo bem que Davi havia lhe contado sobre como Deus o fez lutar e vencer um urso e um leão que atacaram o rebanho de sei pai, Jesse. Saul tinha tudo para duvidar, mas ao contrário, se convenceu de que Deus poderia usar aquele garoto para livrar Israel. Tanto que pegou sua espada e sua armadura e ofereceu-a Davi que, até tentou usar, mas não conseguia nem mesmo se andar direito. Então, como diz o texto de hoje, tirou tudo e foi para a batalha apenas com seu cajado e seu alforje com cinco pedras que apanhou no riacho. É muita confiança!
Mas não se tratava exatamente de autoconfiança, algo que supervalorizamos atualmente. Era mais o que poderíamos chamar de confiança naquele que está no alto. “Elevo meus olhos para os montes, de onde me virá o socorro? Meu socorro vem do Senhor que fez os céus e a terra” (Sl 121.1). O mais famoso dos salmistas viveu isso. Por isso um cajado de pastor, uma funda e algumas pedras eram bastante. A vida não é apenas luta, mas nela há muitas. E as mais definidoras em nossa história não são as que travamos com circunstâncias ou outras pessoas, mas conosco mesmos. As lutas para resistir ao mal, amar os que nos ferem, contentar-nos com o que alcançamos, para servir, perdoar, ser humilde e tantas outras que acontecem no silêncio de nosso coração. Quanto perdemos lá, ainda que ganhemos outras lutas, somos, na verdade, perdedores. Precisamos aprender a confiar em Deus para vencer nossos gigantes interiores.
Não cresceremos na confiança em Deus se não acreditarmos que Ele nos ama, exatamente sendo quem somos. Crer no amor de Deus é o primeiro passo para aprendermos a confiar no poder de Deus. Do contrário duvidaremos que Ele possa realmente interessar-se por nós. Que possa, de fato, ter bons planos para nossa vida. E ficaremos encolhidos e resumidos ao que as pessoas e nós mesmos julgamos a nosso respeito, considerando nossos recursos e as circunstâncias. E quem sabe até a nossa aparência! Davi confiou em Deus e livrou-se da armadura de Saul. Ela era dispensável pois Deus estava com ele. A confiança de Davi em Deus deve nos inspirar. Com simplicidade devemos nos aproximar de Deus e deixar que Ele cuide de nós. Como Davi disse num de seus salmos: “Mas tu, Senhor, és o escudo que me protege; és a minha glória e me fazes andar de cabeça erguida.” (Sl 3.3) Que seja assim a nossa confiança em Deus!
ucs