“Recorra ao Senhor! Que o Senhor o liberte! Que ele o livre, já que lhe quer bem!” (Salmos 22.8)
Se servimos a Deus e Ele nos ama, então receberemos o cuidado e as bênçãos, a proteção e as providências, para que tudo fique bem conosco. Afinal, que melhor testemunho e argumento para convidar outros à fé do que as garantias de um Deus que tudo pode e que age em nosso favor, para atender às nossas necessidades? Em grande parte é essa a perspectiva que domina muitos que se agarram à fé e se esforçam para corresponder aos padrões que julgam serem as exigências de Deus. Fazem assim par a que tenham direito às Suas bênçãos. Mas essa doutrina não se confirma na Bíblia e nem na vida. Por causa dessa perspectiva, há também muita gente confusa e descrente. Afinal, não faz sentido crer num Deus Todo Poderoso e bom, a menos que beneficie os necessitados e proteja os mais fracos.
Jesus se viu diante dessa questão no início de Seu ministério ao enfrentar as provocações do Diabo no deserto: se de fato era Filho de Deus, poderia transformar pedras em pães já que estava com fome, ou mesmo jogar-se da torre do templo, pois seria protegido de tudo. Jesus não cedeu a estas provocações (Mt 4.4-11). Na cruz, entregando por nós a Sua vida, ouviu exatamente o que o verso de hoje diz: “Salvou os outros, mas não é capaz de salvar a si mesmo! E é o rei de Israel! Desça agora da cruz, e creremos nele. Ele confiou em Deus. Que Deus o salve agora, se dele tem compaixão, pois disse: ‘Sou o Filho de Deus’” (Mt 27.42-43). Ele não desceu da cruz e nem o Pai veio em Seu socorro. E no Getsêmani, suportou o mais duro silêncio do Pai e escolheu obedecer: “Não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26.39).
Lendo os Evangelhos e os escritos dos apóstolos aprendemos que a vida de fé em Deus não promete proteção contra tudo, nem a satisfação de nossas vontades ou a exclusão de qualquer dor. Aprendermos que a mais elevada expressão de fé não se dá quando falamos e Deus nos ouve, mas quando somos capazes de ouvi-lo e responder “seja feita a tua vontade”. Seguir os passos de Jesus, ser discípulo de Cristo, nos coloca no caminho que Ele trilhou. E nesse caminho crer nem sempre será um poder que muda as circunstâncias, mas um poder que nos sustenta confiando e crendo no amor de Deus, apesar das circunstâncias. Por isso Paulo escreveu: “Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.” (1 Ts 5.18).