Apesar das aflições

“Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo.” (João 16.33)

Assim termina o registro de João sobre as palavras de Jesus aos seus discípulos, antes que orasse por eles. Aproximava-se o momento mais desafiador para eles e difícil para o Mestre. Jesus estava a caminho de Jerusalém para morrer e nos redimir. Da sexta ao domingo haveria imensa perplexidade e muitas dúvidas. Aí viria a ressurreição e depois o envio para a grande missão da fé cristã. Foram conversas muito estranhas para aqueles galileus. As afirmações de Jesus lhes pareciam incompreensíveis e seus corações acabariam terrivelmente abalados. Jesus os estava fortalecendo e lhes dando material para fortalecer a fé, dizendo-lhes de antemão o que aconteceria. O Mestre os convida a estarem em paz, crendo nele. Naquele momento eram apenas palavras, mas palavras ditas por Jesus jamais são “apenas” palavras. Por sua palavra poderosa ele sustenta todas as coisas (Hb 1.3).

No capítulo seguinte, o 17, temos a oração de Jesus pelos discípulos e por nós. João registra as seguintes palavras do Mestre: “Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles” (Jo 17.20). Lá estamos nós na mente e coração de Cristo. Estavam lá também, sobre ele, nossos pecados sendo levados à cruz, embora fossemos nascer apenas dois mil anos à frente! O Senhor Jesus singularizou o tempo e reuniu em sua redenção toda a humanidade de todos os tempos, deixando a porta aberta para todos nós. Este mundo de pecadores e cheio de aflições foi alvo do amor de Deus que nos enviou seu Filho. Ele veio para nos restaurar a vida, apesar do mundo e suas aflições.

O fato de sermos pecadores, de agirmos contrariamente à vontade de Deus e trazer dores sobre nós mesmos; o fato de sermos irresponsáveis na relação com este mundo, abusando da natureza, produzindo desigualdades e injustiças; o fato de sermos lentos em amar e ágeis em ser orgulhosos; e tantos outros fatos, confirmam este mundo como um lugar em que aflições virão. Há quem pareça não sofre-las, rodeado de bens e supridos em suas necessidades, desejos e até sonhos. Nem todos tem essa possibilidade, alguns por culpa própria e outros por serem vítimas do mundo de aflições. Pois há quem, claramente, parece ser alvo permanente das muitas dores daqui. Mas ainda assim há esperança!

Jesus veio e ofertou-se como paz para os aflitos, como aquele cuja vitória é caminho de vitória para sofredores e abatidos. Devemos segui-lo e apontá-lo a outros. Apontá-lo a outro é mais que apenas indicar, é imitá-lo e tornar-se na vida do outro uma metáfora de Cristo. É ser algum socorro, consolo, ânimo e apoio. É ser fonte de esperança, sinal de recomeço, chamado para transformação, presença cuidadora e por meio disso e tantas outras formas, revelar que há esperança em Cristo.

Saber de Cristo e crer nele nos faz portadores de boas notícias para os aflitos. Isaías profetizou: “Como são belos nos montes os pés daqueles que anunciam boas novas, que proclamam a paz, que trazem boas notícias, que proclamam salvação” (Is 52.7). Que todos quantos precisem possam encontrar em cada um de nós, que cremos naquele que venceu o mundo, uma palavra de esperança, um olhar acolhedor. Apesar das aflições há esperança, porque Deus nos amou. Apesar do desânimo é possível recobrar o ânimo, pois o nosso Redentor vive.

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