“Por que não morri ao nascer, e não pereci quando saí do ventre? Por que houve joelhos para me receberem e seios para me amamentarem?” (Jó 3.11-12)
Vamos mergulhar um pouco na alma humana. E com Jó, o faremos quando ela está tomada pela dor e desesperança. Quando isto acontece a morte passa a ser um anseio e lamenta-se por se ter nascido. É assim que Jó está. “Por que não morri ao nascer?” Esta é uma pergunta que muitos fazem. Talvez a grande maioria a faça pelo menos uma vez na vida. Uma dor contra a qual não podemos lutar, uma situação angustiante para a qual não temos saída são motivadores de perguntas desse tipo. Fomos criados para viver e ser felizes. Mas há tão pouco espaço para ser feliz! Especialmente dentro de nós.
Há muitos “porquês” que morrerão conosco. Sabemos que não encontraremos a resposta, mas precisamos fazer a pergunta. Ela é apenas uma expressão de nossa dor. Por que Deus não nos livra dessas dores que nos fazem desejar a morte? Difícil responder. Um pouco de experiência nos diz que, se não nos matar, a dor poderá enriquecer nossa vida. Somos feitos de uma matéria que pode reagir bem ao atravessar dores, mas isso dependerá de nossas ideias sobre a vida, sobre nós e sobre Deus. Parece saltar das Escrituras o fato de que Deus realiza coisas muito especiais “em” e “por meio de” pessoas provadas por dores, perdas e angústias.
Quando perguntamos “por que não morri?”, uma resposta possível é: “porque Deus ainda não desistiu”. Porque Ele, que sempre tem o melhor propósito para cada um, ainda acredita que pode realiza-lo. Porque Ele entende que tudo não está perdido e, ainda que estivesse, Ele poderia do nada fazer tudo de novo. Ele não tem uma saída para nós. Ele é a saída para nós. Jó tinha muitas razões para desejar a morte. Nós, as vezes, a desejamos por tão poucas! Ele se expressa, lamenta, amaldiçoa o dia de seu nascimento, mas continua respirando. Ele enfrentará muitos dias assim, mas seguirá em frente. É como devemos fazer. Nossa fé deve ter vida mais longa e mais persistente que nossas dores.