Anseio bom de se ter

“Anseio vê-los, a fim de compartilhar com vocês algum dom espiritual, para fortalecê-los, isto é, para que eu e vocês sejamos mutuamente encorajados pela fé.” (Romanos 1.11-12)

Vida cristã é vida comunitária. Deus é comunitário. É Pai, Filho e Espírito Santo. Uma comunidade divina desde sempre. Ser incluído na família divina é ser chamado, vocacionado à vida comunitária. Vida em que reter não fica bem, pois fica errado. Afinal, nas contas divinas multiplica-se dividindo e acrescenta-se dando-se. Quem retém peca e nega a vida que recebeu por graça. Vida que inspira a ânsia divina de partilhar. Paulo“sofria” dessa ânsia. Anseio de ver, partilhar, fortalecer e encorajar.

Um anseio raro hoje, substituído por outros, rasteiros e empobrecedores dos que se deixam dominar por eles. O anseio de Paulo tem olhos abertos, atentos ao contexto, que buscam os necessitados e não abastados. Anseio de unir-se, não de fartar-se. Anseio que leva a suplicar a Deus pelo outro e menos por coisas. Anseio que ajuda a lembrar o que devo dar, muito mais do que o que tenho a receber. Que não instiga reivindicação, mas entrega, ainda que se tenha tão pouco, que pareça ser nada. Um anseio tanto estranho quanto bom de se ter. Anseio pelo qual todos deveríamos ansiar.

Um anseio que não tira o sono, pelo contrário, o torna leve, o faz sono dos justos. Um anseio bendito, bonito, simples demais, interior demais, divino demais para ser nosso mesmo. Só pode ser de Deus que habitou em nós. E é assim que se há de saber que o Cristo nos achou na história: Seus anseios viram nossos e nossos olhos veem melhor o outro, inspirados pelo modo como os dele nos viram. Deixe-se mover hoje pelo anseio bom de ter. Deixe com alguém algo que recebeu de Deus. Partilhe algo tão sublime que quem receber não ouse retribuir e não resista em passar adiante!

 

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