ALIANÇA

Na bem transada coluna do Cezar Aguiar, vem a notícia de uma especulação que dá conta de que o prefeito Abade está quase fechando com Gilvan Florêncio, do PT, como vice para as próximas eleições municipais. Gilvan teria se afastado de Jânio Natal e se aproximado de Abade. Ao mesmo tempo, as especulações se apóiam, em uma das bases, na fala do presidente do PT na Bahia, Jonas Paulo, que falou da possibilidade da composição PT/Abade. Tudo isso é muito importante, mas o mais importante é o apoio das bases a qualquer aliança. Pelas correspondências, parece que a turma do PT de Porto não aceita uma composição com o prefeito, principalmente por causa da questão dos professores. Abade é PSB, tradicionalmente aliado ao PT.

É esperar para ver.

JÂNIO NATAL E UBALDINO

Na mesma coluna, especula-se a possibilidade de Ubaldino se unir a Jânio Natal para fazer frente à corrente Abade/ Cláudia Oliveira.

Será possível?

REPERCUSSÃO

Está repercutindo pessimamente em toda Bahia o incidente envolvendo o promotor Dioneles e a juíza Nêmora, quando o primeiro teria agredido fisicamente a magistrada. Seja qual for o resultado das apurações, o Judiciário se vê envolvido em uma propaganda ruim e desnecessária.

Lamentável.

A POLÍTICA COMO MISÉRIA

Há pessoas, no meio político, que usam qualquer ocasião, por mais trágica que seja, para fazer politicalha. Na tragédia que vitimou duas pessoas em Alcobaça (a menina morreu na quarta-feira), nota-se, em muitos órgãos de nossa gloriosa imprensa, a tentativa de se usar politicamente o episódio, buscando debitar a culpa ao prefeito Leo Brito, e, exclusivamente, à Prefeitura de Alcobaça. Não seria importante se esperar a saída do laudo técnico que está sendo elaborado, para depois nominar os culpados? Eles devem ser apontados sem dó nem piedade e expostos à execração pública, mas isso precisa ser feito de maneira honesta e profissional.

Afinal, duas vidas se perderam.

MAS E O CREA, RAPAZ?

Esse escriba estava lendo no Teixeira News uma entrevista de um engenheiro do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) sobre o malfadado episódio de Alcobaça. Afirma o engenheiro que o CREA tinha cobrado algumas normas e elas não foram apresentadas. Ora, se o CREA cobrou e não recebeu, por que não interditou o evento, ou, se não tem poder de polícia, pelo menos não denunciou as irregularidades antes do show?

Aguardamos as respostas, mas que está estranho, está.

A PEC 102

Muito mais que a PEC 300, os líderes que comandaram a greve da Polícia Militar estão torcendo pela PEC 102, a que unifica as polícias. Passaria a existir uma só polícia, a Civil, com os militares passando a pertencer a esse corpo e a PM deixando de existir. O raciocínio dos líderes é claro: com todos civis, deixaria de aparecer o empecilho que torna todas as greves da PM ilegais, afinal, é de entendimento constitucional e do STF que militar não pode fazer greve. A unificação das polícias conta com oposição dos oficiais, que não aceitam perder os privilégios.

O tempo vai contar mais essa história.

POBREZA

Um colunista que mede a excelência de um político pela frieza do pé deveria pedir o boné e ir trabalhar em qualquer outra atividade. O colunista Cláudio Humberto Rosa e Silva implicou que o ex-presidente Lula é pé frio. Veio agora com o episódio do 9º lugar da Gaviões da Fiel em São Paulo, que teve Lula como tema de enredo. A Gaviões perdeu por sua própria desorganização, por seus próprios pecados e por achar que ganharia por ser do Corinthians e por ter Lula como enredo.

O resto são potocoadas do tal Rosa e Silva, cada dia mais rosado.

E POR FALAR NISSO…

Lula levou mais uma por ser distraído. Como é que o cidadão, passando por uma luta dessa contra o câncer, se expõe a ser enredo de escola de samba? Claro está que só os corintianos iriam aplaudir o ex-presidente, as outras torcidas iriam vaiar. Por sorte, a doença não permitiu que Lula desfilasse, pois as claques contra estariam a postos para vaiar.

É cada uma.

O CONDE E O PASSARINHO

O jornalista Joel Silveira afirmava, em suas Guerrilhas Noturnas, que o único escritor com direito a escrever sobre o nada se chamava Rubem Braga. Natural de Cachoeiro do Itapemirim, Rubem Braga escrevia crônicas e delas viveu. Considerado o maior cronista brasileiro, foi mestre nessa arte de pequenos textos falando sobre o cotidiano e as coisas simples da vida. Com essa matéria, acabava construindo trechos lindos, que rematavam falando sobre os grandes temas da servidão humana. Rubem Braga era o Conde que reinava sobre os Passarinhos. Um trecho da crônica “Na Rede” que vem no livro Ai de ti, Copacabana:

“Deito-me na rede, olho as nuvens vagabundas. Creio que aquelas que estão paradas lá longe, branquinhas, espichadas como franjas, se chamam cirros; e essas gordas, brancas, que brilham ao sol aqui mais perto, se chamam cúmulos. Mas não é preciso saber seus nomes; deixo-me levar pela fantasia de suas esculturas, e vou vagando ao sabor de seus caprichos. Direis que essa ocupação não é construtiva; responderei que estou contemplando o céu de minha Pátria. Sempre é algo de nobre e afinal há momentos em que a gente se cansa de olhar a terra e os homens.”

Grande Braga, imenso cronista.

100 ANOS DE LUIZ GONZAGA

Preparava esse escriba a programação do Almoço à Brasileira de sábado, 25 de fevereiro, disposto a honrar o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, li uma entrevista que o repórter Ricardo Kotscho fizera com Gonzaga e que vem contada no livro do repórter “Do Golpe ao Planalto”, bom manual para alunos de jornalismo e para jornalistas. Um trecho me surpreendeu: “Um dia fui a Exu entrevistar Luiz Gonzaga, já perto do final de sua vida. Gonzaga morava em uma casa pobre, estava sem dinheiro, passando privações. De seu, tinha, ao lado da casa, um posto de gasolina, que deveria servir pra sustento em sua velhice, fechado por falta de licença. Conversei com Lua por mais de três horas e ele estava triste e amargurado e me contou: ‘Imagina, Ricardo, que essa região sempre é punida com secas bravas. Toda vez que isso acontece, o povo vem aqui e eu dou comida para todos. Dessa vez, a comida acabou antes da seca e quando o povo chegou não tive nada para dar. Você imagina que apedrejaram a casa?’ Pouco tempo depois Gonzaga morria. Parece que de desgosto.”

Sinceramente, como um povo pode fazer isso com a voz que sempre foi a voz de sua gente, com tantas canções denunciando a seca e a miséria do nordestino?

Ah, miserável natureza humana.

 

 

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