“Não podemos eleger um presidente para fazer uma pizza. A Câmara Federal não é a pizzaria de Cunha”, afirma o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA). Segundo ele, a renúncia do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Casa faz parte de uma tentativa de golpe para salvá-lo da cassação do mandato.
“Em paralelo a renúncia, Cunha entrou com recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), alegando que o processo de cassação de seu mandato estaria nulo, porque ele, Cunha, estava sendo julgado como presidente da Câmara e não como deputado. Isso não é verdade. É como deputado”, diz Aleluia.
De acordo com o parlamentar baiano, em combinação com o presidente da CCJ, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o recurso foi aceito de forma indevida. “Quanto a isto, estamos recorrendo ao vice presidente da Câmara em exercício, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA)”. O grupo de Cunha teria então açodadamente marcado a eleição à presidência da Casa para terça-feira (12).
“O objetivo de Cunha e seu grupo é eleger um presidente que possa salvá-lo com uma canetada. Isto é possível pelo Regimento”, alerta Aleluia. Para ele, é muito grave a situação em que se encontra a Câmara, por isso está trabalhando por um nome que não seja ligado a Eduardo Cunha.
“O deputado Rogério Rosso (PSD-DF), que surge como o nome mais forte, tem o apoio de Cunha. Eu e um expressivo grupo de deputados não votaremos nele. Teremos candidaturas contra Rosso/Cunha”, assinala o parlamentar baiano.
Aleluia aposta na possibilidade de uma candidatura que reúna todos os deputados que são contra essa manobra articulada por Eduardo Cunha. “Além dos partidos que hoje prestam apoio ao governo Temer, como o Democratas, PSDB, PPS e PSB, os oposicionistas PT, PDT, PC do B, Rede e PSOL devem apoiar a candidatura anti-Cunha”.
Na avaliação do deputado democrata, será muito importante o papel dos partidos de oposição ao governo Temer na eleição do novo presidente da Câmara. “Num momento em que a base do governo se desune, o apoio dos partidos de oposição é imprescindível para impedir o golpe de Cunha”.