Acima da lógica de mercado

“Se ele o prejudicou em algo ou lhe deve alguma coisa, ponha na minha conta.” (Filemom 1.18)

Paulo, quando escreveu sua carta ao filipenses, disse que havia amadurecido ao enfrentar diversos tipos de situações. Disse que havia se tornado capaz de ter o que comer e não ter, de estar em lugar seguro e enfrentar perigos, e concluiu dizendo: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fl 4.13). Paulo não estava falando de competências de mercado. Não estava falando de empregabilidade – algo que tanto nos preocupa e às vezes se torna tudo que nos preocupa. Ele estava falando de ser alguém capaz para lidar com a vida. Ele experimentou rejeição e abandono e isso o tornou sensível e empático. A presença de Deus pode transformar em bem, mesmo os males que nos alcançam (Rm 8.28). E isso significa tornar-se uma pessoa melhor.

Não foi um episódio fortuito, sem causa, a atitude de Paulo com o escravo Onésimo. Sua vida estava em adiantado processo de transformação. O valor da vida era calculado por Paulo considerando-se critérios aprendidos no Reino de Deus. Não era fruto de emocionalismo inconsequente e nem de um racionalismo calculista, que nutre motivações sempre interesseiras. Paulo estava sob a influência do amor de Deus. Pergunto-me o quanto nós, cristãos e nossas igrejas, temos estado sob a mesma influencia. Pergunto-me o quanto temos aprendido ao longo de nossos anos participando e realizando cultos. O quanto temos sido transformados e de que forma isso se revela. Como agiríamos diante de Onésimo?

A vida por aqui é séria e exigente. Precisamos de capacitação e competências. Precisamos de uma boa empregabilidade para seguir na vida adulta. Por isso nos preocupamos e investimos em nossas crianças. Mas, e quanto à nossa fé e ao Evangelho? Como o Reino de Deus tem interferido em tudo isso? Há muitos Onésimos por aí. Os problemas são os mais diversos e atingem a todos: ricos e pobres, empregados e desempregados, famosos e anônimos. Há Onésimos por todo lado. Onde estão os Paulos? Onde estão aqueles que trazem uma perspectiva superior à do mercado? Que distinguem entre preço e valor, entre ser e ter, entre pessoas e coisas? Quais as evidências de que Deus está realizando a sua boa obra em cada um de nós? Pense e ore sobre isso hoje!

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