Habacuque, o profeta-filósofo, perturba-se com a gravíssima iniqüidade de Judá. Mas, em contraste com seu contemporâneo Jeremias, sente maior solicitude pela aparente relutância de Deus em julgar, do que pela falta de arrependimento do povo. A destruição, a violência e a falta de consideração pelas leis divinas florescem sem que ninguém as refreie (1:2-4), apesar das ardentes rogativas do profeta pedindo a intervenção divina.
Deus responde a Habacuque que dentro em breve ele receberá a resposta; os ferozes e impios caldeus (babilônios) serão a vara de Deus que açoitará a Judá diante dos próprios olhos de Habacuque (1:5, 6).
Em vez de aliviar a carga do profeta, esta resposta torna-a mais pesada, ficando Habacuque angustiado por um novo e mais espinhoso problema: Como pode Deus, cujos olhos são tão puros que não podem contemplar o mal, permanecer em silêncio enquanto uma nação ímpia, sedenta de sangue, destrói uma nação mais justa que ela (1:13)? O profeta procura um lugar solitário para esperar a resposta de Deus (2:1).
A resposta vem mediante uma das mais sublimes declarações das Escrituras Sagradas: o justo pela sua fé (ou fidelidade) viverá; o justo será preservado no dia da angústia, porque dependeu de Deus, o que faz que se possa depender dele; certa e repentina será a retribuição dos invasores cheios de soberba, que compreenderão que a tirania não faz sentido e a idolatria é uma inutilidade (2:6-19). A resposta finaliza com um mandamento de silêncio universal diante do Deus soberano (2:20).
Com a convicção de que a justiça triunfará, o profeta eleva seu coração numa prece rogando a Deus que realiza uma obra portentosa como a que realizara no Êxodo e no monte Sinai (3:2-15). Depois de descrever o majestoso esplendor do Onipotente, Habacuque reafirma sua confiança no Deus de sua salvação, por meio de uma das mais emocionantes confissões que encontramos nas Escrituras Sagradas (3:17-19).
AUTOR
Nada se sabe acerca do profeta Habacuque, excetuando-se as qualidades pessoais que podemos discernir em seus escritos. Várias datas têm sido sugeridas para este livro, mas o período mais provável é o que se encontra entre o ano de 605 a.C., data da vitória de Nabucodonosor sobre os egípcios em Carquemis, Síria, e o ano de 597 a.C., quando os exércitos babilônios invadiram Judá.
David A. Hubbard
Doutor em Filosofia e Letras