Em meio a pandemia, soube das mortes devido a câncer do prefeito Bruno Covas e da atriz Eva Wilma. Tudo isso se tornará um borrão, assim é a vida, e a única sensação que não conseguirei bloquear será a noção de mortalidade de todos nós.
Foram carreiras no teatro e na política. Cada um deles com exemplos de luta e coragem sendo que a recordação de suas vidas me pega desprevenido neste momento, mas sou forçado a deixar estas lembranças entrarem.
Saber do desaparecimento de seres humanos tão ativas é muito estranho. Em um momento a pessoa está lá, respirando, pensando, cheia de gestos, e, então, no momento seguinte, não há mais nada.
Nenhuma respiração, nenhum pensamento ou batida do coração. As memórias de Bruno estão mais vivas, já que era o prefeito da maior cidade do país e com presença constante na mídia e existirá uma espécie de tristeza solene para os paulistas.
É como se houvesse uma ruptura e ele fosse arrancado da vida por um punho invisível. Mas, com Eva Wilma, já afastada dos holofotes, o que posso fazer é me transportar ao passado, deixando o torpor do tempo invadir minhas lembranças, mergulhando fundo no passado.
A luz de sua vida já sumindo, no entanto, tenho na memória a grande atriz que representou diverso de Bruno Covas que é uma lembrança viva. Sou capaz de ouvir ainda a sua voz e Eva Wilma é uma lembrança apesar de saber que sua arte é longa e eterna, todos eles se diluirão no silêncio.
Que estas surpresas de perdas trazidas pelo cotidiano sejam bem-vindas, mesmo quando dolorosas. Eles são um reflexo do que vivo e são um espelho do qual estou me afastando, vão deixar rastos sobre a camada de pó.