“Terminado um período de banquetes, Jó mandava chamá-los e fazia com que se purificassem. De madrugada ele oferecia um holocausto em favor de cada um deles, pois pensava: “Talvez os meus filhos tenham lá no íntimo pecado e amaldiçoado a Deus”. Essa era a prática constante de Jó.” (Jó 1.5)
Jó era um bom cristão. Vou chama-lo “cristão” para ganhar tempo. Nos é dito que, após as festas de seus filhos, considerando que pudessem ter ofendido a Deus, ele os chamava para orar e pedir perdão. Orava por cada um deles desde a madrugada. Talvez ele fosse um incentivador para que sua esposa fosse uma Débora – “mães que oram por seus filhos” – um belo ministério que temos também em nossa igreja! E ele próprio orava. Jó é um bom exemplo de um homem que assume a posição de sacerdote (líder espiritual) de seu lar. Ele é um cristão zeloso e dedicado.
Mas estamos apenas no começo da história. Não sabemos ainda se Jó age assim porque teme e ama a Deus ou porque tem interesses dos quais depende de Deus. Ainda não sabemos se ele adora a Deus ou pretende manipular Deus por meio de sua obediência. Pois é esse o tamanho do desafio espiritual de cada pessoa em relação a Deus. Se achamos difícil fazer a coisa certa, maior desafio é ter a motivação certa, fazendo a coisa certa pela razão certa. Podemos estar enganados sobre nossa real motivação. Mas Deus jamais se engana. E a motivação espiritual é um segredo profundo dentro de cada um de nós. O que fazemos “para Deus” podemos estar fazendo, na verdade, para nós mesmos.
Essa motivação desviada de Deus é a raiz de nossas ilusões espirituais. E, como sabemos, ilusões levam, inevitavelmente, a desilusões. Há muitas pessoas desiludidas com Deus e frustradas com a fé. Foram vítimas de acreditarem que Deus disse algo que não disse e de esperarem que cumprisse uma promessa que não fez. Jó será nosso guia por um caminho difícil – o de ser decepcionado por Deus. Quando o alvo de nossa fé somos nós mesmos, isso destrói a fé temos. Quando é Deus, a fé que temos é o que nos mantém vivos e aprendemos sobre a verdadeira adoração. “O Pai procura aqueles que o adoram em espírito e em verdade” (Jesus).