“Ele respondeu: Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo. Disse Jesus: Você respondeu corretamente. Faça isso, e viverá.” (Lucas 10.27-28)
A missão cristã – o que deve orientar nossa vida, colocando-nos em ação – é uma derivação da missão de Deus. É essa a compreensão da esmagadora maioria dos teólogos, em todos os tempos. Não somos nós quem define a missão, ela nos é dada por Deus. Jesus declarou a missão de Deus no texto mais conhecido das Escrituras: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele.” (Jo 3.16-17). O verso 18 e seguintes falam do juízo para o ser humano que não responde com fé e submissão à missão divina. Pois ela é clara: Deus nos amou, enviou Jesus para nos resgatar. Não o enviou para nos condenar.
É dessa missão que deriva a missão cristã e ela não inclui julgamento. Ela é a missão de amar e por meio do amor manifestar a notícia de que há um Deus que ama e redime pessoas. Todos nós, sem exceção, somos beneficiários dessa decisão divina de amar e ser gracioso. Nenhum de nós conquistou direitos diante de Deus e todos nós, mesmo depois de alcançados, depois de conhecermos tudo que se pode conhecer sobre Deus e seu amor, continuamos sendo graciosamente aceitos, pois continuamos imperfeitos pecadores. Do começo ao fim o amor impera na missão divina. A missão dada a nós, cristãos, não é diferente. Por isso o mandamento que resume e sintetiza tudo é: ame a Deus e ao próximo. O perito religioso sabia o conteúdo da Lei mas isso não lhe parecia razoável. Jesus foi simples e direto: faça isso, e viverá.
Temos muito mais textos disponíveis do que aquele homem tinha. Temos as muitas palavras de Jesus e todo o restante do Novo Testamento. Já compreendemos o sentido de nossa missão? Já nos convencemos da centralidade do amor em nossa fé e que isso nos envia ao nosso próximo, para servir, compreender, amar? Ou pensamos que amar não é o bastante? Ou pensamos, inclusive, que apenas amar é ser liberal demais? Para alguns (ou muitos) seria uma irresponsabilidade não incluir na missão algumas regras e algumas clausulas condenatórias e que excluem algumas pessoas que, acreditam, Deus não ama incondicionalmente. Para estes seriam necessários alguns passos que ainda não deram. Não devemos esquecer nossa missão e muito menos pretender dar conta do que somente Deus pode: julgar o coração humano. Amar é o centro de nossa missão. Deixemos com Deus o juízo.