“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus” (Filipenses 2.5)
Essa palavra do apóstolo deve nos levar a muitas reflexões e revisões. Atrevo-me a algumas aqui. Parece que criamos caminhos próprios e transformamos o Caminho num outro caminho. O Evangelho num outro evangelho (Gl 1.6) A partir de nossas igrejas, nossos programas, nossas liturgias, nossas doutrinas, criamos uma outra fé que se parece muito mais conosco mesmos, que expressa muito mais as nossas concepções de vida, do que expressam Jesus, a quem chamamos de o Senhor da igreja. Dizemos isso, mas agimos como os verdadeiros senhores. Mais valem nossos critérios, nossos interesses e mais importa que tudo esteja de acordo com a nossa vontade. Talvez considere equivocadas essas minhas afirmações ou exageradas, mas avaliemos isso a partir do que tantas vezes revelamos como indivíduos e comunidades de fé.
O que é mais comum entre nós: unidade, o mesmo pensamento, ou divergência e conflito? Facilmente nos entendemos ou nos desentendemos? Gastamos mais tempo com o que mais importa ou com o que é menos importante? O que mais vemos entre nós lembra-nos o fruto do Espírito ou as obras da carne? É mais comum em nossas igrejas termos pessoas madura, amorosas, leves em seu jeito de lidar com a vida ou há mais imaturidade, falta de amor e um jeito intransigente e duro de enfrentar problemas? Nossas relações são marcadas por sensatez e amor ou obtusidade e desafeto? Uma vez que anunciamos a graça, o favor imerecido, o perdão generoso de Deus, somos também comunidades graciosas e perdoadoras ou mais tendentes ao julgamento e à exclusão? Nossas atitudes, em sua maioria, lembram Jesus?
Há um equívoco interessante entre nós: julgamos que temos o dever de defender a santidade das coisas de Deus e do próprio Deus. De que forma? Combatendo tudo que julgamos ser inaceitável a Deus. Usamos a Bíblia sem nos dar conta de que, se nos falta a mesma atitude de Jesus, a leremos equivocadamente. A tomaremos como tendo dito o que de fato não disse. Veremos Deus de uma forma que Ele não é. Teremos medo da letra e seremos insensíveis ao Espírito. Mataremos, em lugar de dar vida, pois a Bíblia em nossas mãos será uma arma! Precisamos nos converter à atitude de Jesus. Ela evoca humildade e obediência de uma forma que nos coloque no fluxo da vontade do Pai. Aquela que é boa, agradável e perfeita (Rm 12.2) e produz vida! Como saber se estamos no rumo? Examine a si mesmo e veja se o amor, a graça e a misericórdia estão prevalecendo. Tenha coragem de rever a si mesmo. Há duas formas de estarmos perdidos de Deus. A pior é a que acontece enquanto estamos dentro da igreja!