A mentira que amortalha

 “Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida”, Mahatma Gandhi (1869-1948)

Por mais habilidade que alguns tenham empregado em suas caminhadas, ao longo do tempo, para atingir o poder (ou, simplesmente, seus objetivos) uma verdade incontestável afirma ser impossível “enganar sempre a todos, o tempo todo”, mesmo usando-se, para tanto, as artimanhas da hipocrisia, falácia, desfaçatez ou, simplesmente, da mentira enganosa publicamente apregoada.

Há os que se conduziram capciosamente utilizando exemplos que estão na história, seja no tempo recente ou um pouco mais atrás, como aquele do bordão “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”, este atribuído a Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista, reconhecidamente inimigo ferrenho dos judeus, ao longo da segunda guerra mundial.

No período da Renascença, em sua obra “O Príncipe”, Nicolau Maquiavel já aconselhava aos que desejavam o poder e pretendiam manter-se nele sobre o emprego de meios nem sempre éticos ou moralmente aceitáveis. A ele se atribui “faça o bem aos poucos e o mal de uma só vez” ou, a frase mais citada, “os fins justificam os meios”, expressões que buscam fundamentar processos enganosos de comportamento para o alcance de objetivos sabidamente espúrios que a sociedade atual repele e condena.

No mundo dito “civilizado”, a mentira significa desvio de conduta, pois imprópria e inaceitável, mesmo que se venha a evocar o propósito de ação social relevante, o que conduz tempo à frente os seus autores ao descrédito, ao alijamento de funções e, inclusive, à condenação rigorosa por suas atitudes temerárias.

Dentre os vários instrumentos balizadores que buscam integrar o homem ao viver social, com dignidade, o papel da educação merece destaque, afinal cidadania se realiza a partir do indivíduo crítico, além de ético e moralmente participativo, segundo os valores consensualmente acatados pela maioria. Nesse contexto, a mentira não encontra espaço, não se agasalha ou se reproduz com transparência, quando muito amortalha os seus autores.

A mídia tem revelado no cotidiano brasileiro um cenário, a cada dia mais repulsivo que o antecedente, de condutas inaceitáveis nos diferentes níveis da gestão pública, em que discutíveis ex-lideranças chegam a afirmar: “outros anteriormente também se enganaram e mentiram”, para assim justificarem apego ao poder e suas corruptas condutas.

Para Ruy Barbosa “A luz é a grande inimiga dos crimes. Na publicidade refulge a luz. A imprensa é a publicidade. Com a imprensa não se podem acomodar, pois, os governos de sangue, força, arbítrio e corrupção, mistério e mentira”. (grifo do autor).

O povo em sua sabedoria, mesmo até a custa de privações e sofrimentos por conta de tantas aleivosias, tem observado que “mentira tem pernas curtas” e que “é mais fácil pegar um mentiroso que um coxo”, razão porque comemora os resultados até então obtidos que desmascaram autoridades, corruptos e corruptores, de forma a se passar a limpo o máximo de condutas/ indivíduos que se acumpliciaram em favor de seus inaceitáveis interesses.

 

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