“De novo declaro a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a cumprir toda a lei. Vocês, que procuram ser justificados pela lei, separaram-se de Cristo; caíram da graça. Pois é mediante o Espírito que nós aguardamos pela fé a justiça que é a nossa esperança. Porque em Cristo Jesus nem circuncisão nem incircuncisão têm efeito algum, mas sim a fé que atua pelo amor. Vocês corriam bem. Quem os impediu de continuar obedecendo à verdade? Tal persuasão não provém daquele que os chama.” (Gálatas 5.3-8)
A circuncisão, entre outras coisas, tornou-se um ponto importante de discussão na igreja primitiva devido aos judeus que insistiam na “judaização” dos gentios. Eles tinham argumentos fortes, usando toda a Bíblia de então (o Antigo Testamento) para justificar suas crenças e ideias. À luz de tudo aquilo, talvez os cristãos da Galácia pensassem: “Que mal não pode fazer?! Afinal, não foi Deus quem deu a lei a eles? Talvez ela não nos salve, mas seja necessária ou pelo menos importante para nossa vida espiritual!”
Ainda hoje há esse movimento judaizante e que suscitam pensamentos semelhantes. Só veem sentido na fé se associada á lei. A história da graça lhes parece pobre demais, absurda demais. E é natural que, para a nós ser mais lógica uma fé associada á lei. E parece fazer muito sentido alguns argumentos e citações bíblicas que defendem uma fé assim. Já a graça é desconfortável, é ampla demais e não faz o menos sentido. Parece, inclusive, uma anarquia da fé. Porém Paulo, um judeus treinado intensamente para viver como judeu e pela fé na lei ou pelo menos, com a lei, foi levantado por Deus para pregar radicalmente e combater a graça associada à lei. E mostrar que a lei da graça é o amor e nenhuma outra.
Paulo entendeu o papel da lei à luz da graça: realçar nosso pecado e nos deixar sem saída, exceto pela graça. Para nós pode parecer mais lógico o mundo das regras (da lei), mas a graça é nossa única saída. Ela nos remete ao amor incondicional e eterno, amor que não conhecemos, mas do qual tanto sentimos falta. E jamais nos manda de volta para a lei para sermos aperfeiçoados, mas nos ordenar permanecer neste amor e a vive-lo. Ela nos faz livres e nos faz servos, algo que somente o amor possibilita. A graça tem lei, mas não é a dos mandamentos e regras. É a lei do amor no qual todo mandamento e toda regra se cumprem para a glória de Deus e não para a satisfação do homem, que sempre anseia justificar-se.