A junção dos indígenas e os cassinos dos EUA

A junção dos indígenas e os cassinos dos EUA
A junção dos indígenas e os cassinos dos EUA. Foto: Divulgação

 

Os cassinos costumam ser vistos como um sinônimo de glamour, fama e ostentação. Las Vegas, em geral, é o local mais lembrado quando pensamos em jogos de azar, sendo o cenário de inúmeras produções de Hollywood que tratam dessa temática. Só que existe uma outra parcela desse universo – tão lucrativa quanto – que costuma ser pouco lembrada: os cassinos em territórios indígenas.

A junção entre indígenas e jogos de azar deu seus primeiros passos já na década de 1970, sendo solidificada definitivamente ao final dos anos de 1990. Com isso, foi estabelecido um mercado bilionário, que transformou a realidade de diversas comunidades indígenas estadunidenses, gerando uma renda média de US$ 33 mil para as famílias que habitam esses territórios.

O Brasil, em paralelo, acabou indo contramão desse desenvolvimento, proibindo a atividade de cassinos em todo o país. É possível, contudo, perceber mudanças nesse panorama desde que o LeoVegas passou a aceitar jogadores brasileiros, o que também inclui a chegada de outras plataformas online voltadas aos jogos de azar. Outro sinal positivo são as conversas no legislativo nacional que parecem indicar a regulamentação da prática.

Mas enquanto observamos o desenrolar desse processo por aqui, aproveitamos para mostrar como foi esse processo para os indígenas estadunidenses e os impactos culturais da abertura de cassinos em seus territórios.

Regulamentação dos cassinos em territórios indígenas

Em meados da década de 70, a inauguração de um bingo nas terras da tribo indígena Seminole ocasionou uma verdadeira batalha judicial entre os índios e o governo americano – que desejava impedir que a atividade fosse realizada dentro de reservas indígenas. Após anos de disputas, ficou decidido que, uma vez que os índios possuíam liberdade para explorar suas terras economicamente, eles também poderiam operar bingos e cassinos.

A regulamentação dessa medida ocorreu por meio do chamado Indian Gaming Regulatory Act, aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos em 1988. A nova legislação, uma antiga reivindicação das lideranças indígenas, acabou gerando um negócio extremamente lucrativo, que atingiu cifras bilionárias nos anos seguintes.

Cassinos geram lucros bilionários

Hoje, pouco mais de 30 anos se passaram desde a aprovação e regulamentação do Indian Gaming Regulatory Act. Desde então, mais de 400 cassinos administrados por indígenas em solo estadunidense foram inaugurados. O faturamento anual destes empreendimentos está avaliado em US$ 25 bilhões, ultrapassando Las Vegas e Atlantic City.

A compra da rede Hard Rock Café pela tribo Seminole por cerca de US$ 1 bilhão, em 2006, consegue nos fazer entender melhor a dimensão da lucratividade neste segmento. Esta foi a primeira vez que uma tribo indígena norte-americana conseguiu assumir o controle de uma franquia de alcance mundial. Como resultado, temos o estabelecimento definitivo de poderio econômico de tribos indígenas que se atrelaram ao universo dos jogos de azar.

Consequências culturais da regulamentação

Antes da legalização, a possível perda de identidade cultural de povos indígenas se mostrou como um dos principais entraves para o funcionamento de cassinos em seus territórios. Com o passar dos anos, contudo, ficou provado que o saldo da regulamentação dessa atividade foi bastante positivo.

Além de criar uma nova fonte de emprego e renda para essa parcela da população, constantemente marginalizada, os cassinos também tornaram possível o início de um novo processo de valorização cultural. Isso porque parte dos lucros obtidos pelos índios é convertido na construção de museus, parques e reservas nacionais que funcionam como propagadores de sua história.

Por outro lado, os lucros bilionários obtidos por esses cassinos também operaram profundas mudanças nas reservas indígenas. Um dos exemplos mais expressivos dessas transformações aconteceu a partir do momento em que determinadas tribos, a exemplo dos índios Chuckchansi, da Califórnia, resolveram compartilhar os dividendos entre os membros de sua etnia. Com isso, o número de pessoas reivindicando descendência indígena – em uma jogada de puro interesse visando obter parte dos lucros dos cassinos – cresceu exponencialmente.

A solução encontrada para essa situação foi o aumento do rigor para o reconhecimento de etnia em diversas tribos, que passou a ser definido por um complexo teste de DNA com mapeamento genético.

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