“O Rei responderá: Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram.” (Mateus 25.40)
O tempo que temos gastado no templo, nas salas da Escola Bíblica Dominical, nas reuniões de oração, nos ensaios dos grupos musicais e nas diversas reuniões promovidas por nossas igrejas, contribuem verdadeiramente para servirmos mais a Jesus ou apenas nos levam a servir à nossa instituição religiosa? Em grande parte, toda essa energia nos torna bastante alinhados com a agenda de nossa comunidade de fé. Agenda que normalmente chamamos de obra de Deus. Estar nos cultos, nos estudos bíblicos, nos ensaios e treinamentos é nos ocupar da obra de Deus. Priorizar essa agenda é buscar o Reino de Deus em primeiro lugar. É como normalmente pensamos.
Essas experiências acrescentam informações importantes, salientam valores espirituais, aproximam-nos de pessoas de nossa comunidade, produzem cultos bonitos e apresentações musicais encantadoras. Mas precisamos considerar um problema em tudo isso: o risco de tornarem-se o centro de nossa espiritualidade, um fim em si mesmas. Estaremos servindo a Cristo ou a nós mesmos?
Quando servimos a Cristo nos tornamos mais parecidos com Cristo. Aprendemos a lidar com nossa carnalidade e deixamos de ser um perigo para o outro. O amor ganha espaço em nossa vida, nos revelamos mais misericordiosos, mais humildes e mais acolhedores. Assim como Cristo. Quando servimos a nós mesmos nossa carnalidade fica apenas contida, disfarçada. Basta algum gatilho para que ela aparecer com toda força. O amor perde espaço em nossa vida, nosso coração se endurece e a humildade e a misericórdia são esquecidas. Nem de longe lembramos Jesus, porque apenas sabemos coisas boas e certas, mas elas não estão realmente presentes em nossa vida. Nestas condições nos tornamos evangélicos que desonram o Evangelho.
Somos muito bons em realizar cultos e ignorantes sobre adorar a Deus em meio às rotinas da vida. Cantamos no templo e fechamos os olhos, inebriados com beleza dos sons e vozes. E isso apenas nos torna mais cegos para o mundo, as dores, os pequenos, a injustiça. Algo que Jesus via muito bem. Gostamos de viver separados, mantendo distância segura dos que desagradam a Deus. Não percebemos, mas nos perdemos de Jesus que sempre andou com os publicanos e pecadores.
Segundo Jesus, o juízo sobre nossa fé e espiritualidade não se dará tendo como parâmetro o que fizemos no templo. Não importará muito a beleza de nossos musicais. Não seremos chamados a mostrar quantos versos sabemos de cor ou quantas vezes lemos a Bíblia toda durante os anos de nossa vida. Não seremos questionados sobre a exatidão de nossa declaração doutrinaria. A questão única será se servimos a Cristo ou a nós mesmos. Servir a Cristo é servir às pessoas. “O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram”, disse Jesus. Tenhamos cuidado.