A fórmula de Nicodemos

“Ele veio a Jesus, à noite, e disse: Mestre, sabemos que ensinas da parte de Deus, pois ninguém pode realizar os sinais miraculosos que estás fazendo, se Deus não estiver com ele.” (João 3.2)

Nicodemos era considerado uma autoridade espiritual no meio de seu povo. E é claro que tinha seus referenciais a respeito de quem era Deus. Talvez Jesus fosse um homem de Deus. Como ter certeza? Nicodemos foi até Jesus para verificar. O problema é que Jesus muitas vezes complicava as coisas. Por um lado demonstrava poder, realizando sinais e maravilhas no meio do povo, mas por outro tinha o péssimo hábito de discordar e conflitar com as autoridades religiosas. E tinha mais: Jesus não guardava o sábado, não se preocupava com os cerimoniais de purificação e, em Seus discursos, muitas vezes colocava religiosos como Nicodemos em sérias dificuldades. Imagine o absurdo da parábola do samaritano! Nela Jesus enaltece a atitude de um desqualificado, de um samaritano, e coloca duas autoridades religiosas, um levita e um sacerdote, em situação bem delicada. Mas, de alguma forma, Nicodemos sentia “cheiro” de Deus em Jesus. Resolveu então ver isso de perto!

Ele visita Jesus à noite. Ele precisava ter certezas sobre Jesus, mas não queria comprometer-se. Queria uma proximidade com certa distância. Assim evitaria problemas. Seja por convicção ou apenas como uma forma de conquistar a simpatia de Jesus, ele o chama de Mestre. Em seguida revela um interessante princípio: Para ele os milagres realizados por Jesus eram a grande evidência de que Deus estava com o Mestre. Para Nicodemos, onde há demonstração de poder e o milagre acontece, alí está Deus agindo. O poder era tudo que Nicodemos conhecia sobre Deus. O Deus de Abraão, Isaque e Jacó era o Deus Todo Poderoso. Não é preciso ser um mestre religioso para se ter este tipo de referencial a respeito de Deus. Se há algo que relacionamos a Deus com facilidade são demonstrações de poder e coisas espetaculares. A escola de Nicodemos tem muitos alunos até hoje. Esta é a Fórmula de Nicodemos: Deus é poder.

Assim, onde o poder é demonstrado, ali Deus está! Que grande engano! No Reino de Deus o ponto de referência não é o poder, é o amor. Deus é poderoso, mas Sua revelação a nós se dá pelo amor. Ele nos deu Seu Filho porque nos amou tanto (Jo 3.16). Paulo, também uma autoridade como Nicodemos, deixou-se vencer pelo amor ao conhecer Jesus e mudou seus referenciais (1 Co 13.1-3). O Reino de Deus não é sinônimo de Reino dos Sinais e Maravilhas, mas de Reino do Amor! Por isso Jesus parece tão controverso a Nicodemos e seus amigos autoridades religiosas: Jesus é mais dedicado ao amor que ao poder. Quando cura, pede segredo. Mas é abertamente amigo de publicanos, mulheres chamadas de “pecadoras”, e dado a crianças! Ele não se prende ao sábado, mas às pessoas por quem o sábado foi criado. Ele ensina insistentemente um único mandamento: Amem-se uns aos outros como eu amei vocês (Jo 15.12). A fórmula de Nicodemos estava errada. E você? Tem alguma fórmula espiritual? De quem a aprendeu? O que ela tem a ver com Jesus?

ucs

 

 

 

 

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