Esse é mais um estereótipo, que, como tantos outros, acabam se instalando e sendo aceitos, até com uma certa naturalidade, no contexto histórico e social brasileiro.
De tanto ser falado, as pessoas já se acostumaram e até riem e se divertem com as piadas, que em algumas ocasiões, vem à tona no dia a dia.
Na verdade, a falsa imagem do “baiano preguiçoso”, tem origens históricas, e remonta ainda ao Brasil Império e ao nosso passado escravagista. Vendo muitos escravos negros trabalhando de modo lento e desanimado, a elite portuguesa logo cunhou esse falso estereótipo.
Posteriormente, na década de 40, este preconceito foi retomado, a partir da onda migratória de muitos nordestinos – entre eles baianos – sobretudo nas regiões Sul e Sudeste do país.
Outro fator que contribui para este falso estereótipo, vêm das riquezas históricas, culturais e geográficas da Bahia, que tem uma extensa faixa litorânea, banhada por belas e inúmeras praias, sendo que o próprio setor turístico e artístico do estado acaba reforçando esta imagem, de “festa permanente”, o que não condiz com a realidade.
Uma breve consulta ao calendário irá nos mostrar que os feriados – incluindo o carnaval – são iguais na Bahia e em todo o país, a única diferença é o São João – 24/06 – que inclusive, é feriado em todo o Nordeste e não só na Bahia.
No Bicentenário da Independência da Bahia no Brasil, temos muitos motivos para comemorar e celebrar, nesta nossa terra mater, heróis e heroínas que nos orgulham com sua bravura e grandeza, como Maria Quitéria, Joana Angélica e Maria Felipa, além daqueles que são os verdadeiros protagonistas da nossa independência e da nossa história: o povo baiano.
Erivan Santana é professor, cronista e poeta. Titular da cadeira 36 na ATL (Academia Teixeirense de Letras).