A escolha pela vontade de Deus

“Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram. Tenham uma mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior. Não sejam sábios aos seus próprios olhos. Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos. Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: “Minha é a vingança; eu retribuirei”, diz o Senhor. Pelo contrário: “Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele”.” (Romanos 12.15-20)

A fé proposta pelo Evangelho é um convite à união com outros. Na verdade com todos. Conhecidos e desconhecidos. Irmãos e irmãs na fé e também aqueles que não aceitam a fé que nos dá vida. Claro, não foi o que aprendi em princípio. Pensava que estaria (e deveria estar) ligado e comprometido apenas com aqueles que crescem como eu. Os meus irmãos e irmãs. Creio que, em certo sentido, há uma ligação especial e diferente com aqueles que formam uma comunidade de fé.  Isso é inegável. Formamos o místico corpo de Cristo. Mas crer em Jesus torna todas as pessoas importantes para nós, pois somos chamados a amar cada uma e todas as pessoas, independente do quanto discordemos delas. Por isso é necessário que cresçamos na capacidade de ser empáticos. Chorar com os que choram e alegrarmo-nos com os que se alegram. Um padrão de excelência em relacionamentos é o que devemos ambicionar. Não apenas com os irmãos e irmãs, mas com todos!

Como igreja, temos nosso papel. Como comunidade de fé, devemos desenvolver reciprocidade positiva na relação entre nós, tendo todos a mesma (e boa) a atitude uns para com os outros. Agindo assim poderemos ser exemplo para a sociedade, poderemos inspirar mudanças. O orgulho não deve nos dominar, mas devemos resistir a ele e nos relacionar igualmente com poderosos e fracos, ricos e pobres, importantes e anônimos. Isso é difícil, pois vivemos e estamos acostumados a uma sociedade que faz divisão entre as pessoas. Que criou padrões interesseiros de relacionamento e nos diz que segui-los é sábio. Mas não é! Não segundo o Evangelho que nos uniu a Deus. Nele, o padrão é a equidade e a bondade. É não retribuir mal por mal. É aceitar a incumbência de ser exemplo. Não naquele sentido moralista que tantas vezes caracteriza mentalidades religiosas. Mas exemplo de simpatia, de honestidade, de dignidade, de bondade, de misericórdia. Agindo corretamente de modo que inspiremos outros.

Decidir viver assim, que é segundo a vontade de Deus, não significa que tudo conspirará para nos sairmos bem. Será desafiador. Poderão surgir opositores e poderemos enfrentar situações injustas que nos deixarão irados. Poderemos ser incompreendidos até mesmo por aqueles que entendemos que deveriam ser nossos companheiros de comportamento e posturas. Mas por estarem fechados a estranhos, por não se verem chamados a amar a todos, por temerem “corromperem-se” pela convivência com “pecadores”, poderão julgar e condenar os que assim agem. Embora isso possa provoque ira, não devemos dar lugar à ira, mas confiar no cuidado de Deus e persistir em fazer o bem. Nossa meta constante deve ser devolver bondades quando nos entregarem maldades. É essa a vontade de Deus para nossa vida. É esse o caminho da nossa fé. Desafiador, não? Mas essa não é uma jornada para cumprirmos sozinhos. Deus nos deu o Seu Espírito e podemos contar uns com os outros. Desde que cada um de nós escolha a vontade de Deus. Que escolhamos!

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