“Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe dos meus gritos de angústia?” (Salmos 22.1)
As palavras do verso de hoje foram escritas por Davi e expressam seu sentimento de abandono. Foram escritas para serem cantadas no templo e foram proferidas por Jesus, no Getsêmani, no momento mais agudo de sua dor, instantes antes de sua morte. Na adoração misturam-se as vozes humanas e a voz divina. Como cristãos somos herdeiros da fé de Davi e beneficiários da vida de Cristo. Precisamos aprender a falar (e lidar) com nossas dores, desorientação e perplexidade, e em meio a elas, adorar. Seguindo pelos Salmos, inúmeras vezes nos veremos diante de expressões de aflição, angústia e perplexidade. Os salmos retratam a vida.
Diante do texto de hoje precisei considerar algo ruim de admitir: Deus pode decidir nos deixar sozinhos, afastar-se, parecendo estar impassível diante de nossos gritos de angústia. Ser amado por Deus e ter a vida em Suas Mãos não livra o cristão de precisar enfrentar o que gostaria de evitar. Muitas vezes isso é difícil de entender e nos deixa confusos. O sentimento de desamparo é dos mais difíceis de enfrentar quando cremos no amor de Deus. Mas o Salmo está só começando! Davi fala do socorro de Deus e faz declarações corajosas sobre o futuro, por causa de Deus. Ele está em dificuldades mas sabe que não será esquecido. Deus ainda está no governo e se manifestará. Ele é o Deus que não despreza a “aflição do aflito”, “a fome do faminto”, o “desespero de desesperado”. Ele não fica calado para sempre.
Quando será nosso próximo momento de crise? Cada um de nós tem as suas, embora ouço alguns dizerem que não sabem o que é isso. Como serão nossas orações quando elas se instalarem? Alguns de nós enfrentarão bem e manterão a linha. Adorarão a Deus com sua firmeza. Outros de nós cairão, perderão a compostura, mas isso não significa que não adorarão a Deus. Poderão faze-lo assumindo sua fragilidade. É importante não fingir, mas falar a verdade e manter a esperança. Confiar. Quem sabe não produziremos um salmo ou muitos! Alguns equilibrados. Outros, desesperados. Mas ainda assim, adoração!