A disposição do amor

“Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Coríntios 13.7)

O amor parece não ter limites na linguagem de Paulo. Os “tudos” que ele nos apresenta são desafiadores demais. É certo que podemos sofrer alguma coisa. Podemos crer bastante e podemos suportar muito. Mas “tudo” é demais. Ao ler este texto, lembro-me de outro, escrito para os irmãos de Tessalônica: “Alegrem-se sempre. Orem sem cessar. Deem graças em tudo, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” (1 Ts 5.16-18) O “sempre”, o “sem cessar” e o “em tudo” também parecem demais! Alegrar-se, orar e ser grato, tudo bem. Mas nessa medida?! Pelo menos uma coisa deveria ficar clara para nós: somos incompetentes para corresponder aos padrões do Reino de Deus.

O verdadeiro desafio do Reino é o amor, a Deus e ao próximo. Tudo precisa ser por amor e sabemos que isso torna tudo um grande desafio. Isso deveria nos fazer mais humildes e menos atrevidos no julgamento e rejeição ao nosso próximo. Até que fôssemos capazes de amar como de nós é requerido, não deveríamos nos sentir “os tais”. E alcançar tal padrão no amor, certamente não nos levaria a nos sentirmos “os tais”. Isso, por causa do amor, não faria o menor sentido para nós! Não deveríamos nos gloriar de nada, diante do fato de que fomos incluídos num Reino pela graça e dele não somos expulsos, também pela graça. Nossa glória (ou confiança) não deve estar em nada, senão na cruz de Cristo (Gl 6.14), pois é o sinal do amor de Deus por nós. E gloriando-se nela, devemos seguir aprendendo a amar.

O amor nos dá razões e forças para sofrer, esperar e suportar o que não sofreríamos, esperaríamos e suportaríamos sem ele. É ele que nos leva além de nós mesmos. Precisamos de mudanças, de aperfeiçoamento, de honrar mais a Deus com nossa vida, e o caminho, o único caminho viável, é amando. Sem amor, sem valor. Línguas, profecias, conhecimento, fé milagrosa, sacrifício, tudo é nada. Por isso, não se glorie de sua própria retidão, de ser alguém justo a seus próprios olhos, de não ser “como os demais” (Lc 18.11). A honra dos que seguem a Cristo está no amor recebido e ofertado. Há algum passo a mais que você pode dar, por amor? O amor nos torna sinais do Reino. E isso não alimenta o ego. Alimenta a disposição para sofrer, esperar e suportar.

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