“Portanto, você, por que julga seu irmão? E por que despreza seu irmão? Pois todos compareceremos diante do tribunal de Deus. Porque está escrito: ‘Por mim mesmo jurei’, diz o Senhor, ‘diante de mim todo joelho se dobrará e toda língua confessará que sou Deus’. Assim, cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus. Portanto, deixemos de julgar uns aos outros. Em vez disso, façamos o propósito de não colocar pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do irmão.” (Romanos 14.10-13)
Por que julgamos uns aos outros e gostamos tanto de faze-lo? Por que olhamos com rigor os erros dos outros e com condescendência os nossos próprios? Por que consideramos nossos desvios menos graves e chegamos a cobrar do outro uma retidão que, verdadeiramente, não temos? Por que achamos que, se formos rigorosos conosco, estamos autorizados a ser com os outros? Por que achamos que, para sermos santos, precisamos julgar e condenar “pecadores”? As razões que nos levam a agir assim são muitas, especialmente no ambiente religioso. Temos uma triste história de dureza e condenação, tudo em nome de Deus. Para alguns, a dureza e o julgamento são sua forma de fé e fidelidade a Deus. Mas trata-se de um tipo de visão que alimenta intolerância, julgamento e punição como caminhos necessários no trato com o outro.
Há pessoas que, em nome da santidade, negam a misericórdia. Julgam e condenam com facilidade. Muitos admiram essa “firmeza”. Paulo era assim, até encontrar-se com Cristo, que mudou seu modelo mental. Com Cristo ele aprendeu a lidar com as fraquezas dos outros. O modo como Deus lidou com as suas o fez humilde ao ponto de declarar: “sou o pior dos pecadores” (1 Tm 1.15). Sua dureza e intolerância aprendidas no judaísmo foi sendo abandonada no cristianismo. Ele aprendeu que cada um dará constas de si mesmo a Deus. Nem todos sabemos lidar com tudo ou com todos, mas nem por isso precisamos julgar. Se não consigo lidar com certo irmão em suas fraquezas, devo orar e amá-lo, deixando-o com Deus. Essa é uma atitude cristã. Já o julgamento é algo anticristão. Há apenas um Juiz sobre todos: Deus.
Não devemos nos ocupar daquilo que é atribuição de Deus. Se o fizermos, estaremos nos colocando no lugar de Deus! Quando a atitude de qualquer irmão nos parecer reprovável devemos orar e pedir a Deus por ele. Se temos acesso e amor bastante, podemos ir a ele para servi-lo. Podemos dizer o que consideramos adequado, mas com amor e respeito. Nosso alvo deve ser o bem do irmão e não a satisfação de nosso ego. Não se trata de deixarmos as coisas do nosso jeito, de modo que não nos incomode mais, mas de servir ao irmão. Ele não é nosso servo, é servo de Deus que sabe como tratar com cada um. Como é difícil aprender a lidar com o erro do irmão! Mas precisamos aprender. E a primeira lição é: não julgar. Se ainda não a aprendemos, não poderemos ajudar, pois não conseguimos servir a quem já julgamos e condenamos.