A falta total de segurança não é exatamente benéfica à saúde mental, principalmente quando as catástrofes ameaçadoras alcançam uma dimensão desproporcional aos recursos intelectuais disponíveis, como a inteligência e a coragem. Parece não haver mais nenhum caminho aberto; a vida, que antes desembocava em paz, torna-se cada vez mais violenta.
Os fatos e os tempos ligam-se por fios invisíveis. Às vezes, meio tonto com esses acontecimentos fortes, eu me recordava do passado — mas era só para sorrir da nossa infantilidade —, quando existia em mim um mundo perfeito. Sei que a vida inteira é considerada como uma situação particular submetida a um destino: o dever de morrer. É sobre ela que se funda o parentesco dos homens e, ao mesmo tempo, a sua ligação num mesmo conjunto: a sociedade.
A responsabilidade de uns pelos outros deve-se ao ato que forma o verdadeiro núcleo de toda e qualquer vida humana — e perdemos isso para o tráfico de drogas, a miséria do acúmulo de riquezas, a exploração da religião, as fake news, o desrespeito aos idosos, a falta de confiança entre as pessoas.