A cruz da morte e vida

“Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos.” (Gálatas 5.24)

A vida cristã é uma espécie de mudança de pertencimento. É não pertencer mais a si mesmo, mas a Cristo, por amor. Assim como um relacionamento conjugal envolve o amor que nos faz pertencer ao outro e com isso torna-se necessário aprender a respeitar este pertencimento, na relação com Cristo acontece o mesmo. Paulo está nos lembrando disso. Os que pertencem a Cristo devem estar atentos pois há paixões e desejos impróprios a este novo pertencimento.

Ao ler este verso podemos errar pensando apenas em questões sexuais. Afinal, as palavras “paixões” e “desejos” são muito usadas em relação ao sexo. E é verdade que nossa sexualidade também deve ser orientada pelo pertencimento a Cristo. Mas pensar nisso e ignorar tantas outras paixões e desejos é um grande equívoco. Infelizmente é o que tantas vezes acontece em ambientes religiosos. Egoísmo, materialismo, fofoca, intolerância, discórdia, ciúme, ira, dissenções, facções, invejas, falta de respeito, de compaixão, de equilíbrio e tantas outras coisas, passam despercebidas, à sombra da idolatria ao sexo.

Precisamos aprender a equilibrar as coisas, deixando de maximizar no sexo e de minimizar nas demais coisas. O “crucificaram a carne” não é dirigido a uma parte de nosso corpo, mas a toda nossa natureza que, sozinha, sem a graça, desagradará a Deus. A ideia não é nos fazer pessoas complexadas, mal resolvidas. Ao contrário: é nos tirar do engano de que está tudo bem e que já estamos completamente restaurados. Mas não preciso me crucificar, pois Cristo foi crucificado por mim! O que preciso agora é aprender e experimentar o mistério da crucificação. Ela não apenas mata, mas, principalmente, dá vida. E vida abundante! A cruz de Cristo é a cruz de nossa morte e de nossa vida.

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