Mais um ano de vida. Todos nós vivemos nos labirintos do tempo. Este labirinto está cheio de avisos e instruções deixados ao longo dos anos: lembretes, proibições. Não coma mais açúcar, você tem diabetes. Faça exercícios para manter a saúde. Vá fazer check-up! Não exatamente a sabedoria acumulada dos séculos, mas conselhos práticos e sólidos. Isso não está escrito, apenas paira no ar de quem passou pelas seis décadas de vida. E quando vejo meus sorrisos dos aniversários passados, o sorriso fica ali para a vida toda, indiferente ao que acontece na realidade, que às vezes não nos convida a sorrir, como um relógio na parede da cozinha parado na mesma hora: dez e quinze. Seus ponteiros são como mãos implorando por alguma mudança, porém o tempo não está trabalhando. No passado, eu costumava achar que uma boa memória era uma benção, mas já não tenho tanta certeza. Talvez esquecer seja uma benção. A vida tem que seguir como uma roda de hamster.
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