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Quando casei, meu pai tinha sessenta anos,e era brilhante na função de magistrado. Muitas vezes, encontro sua lembrança na parte da cidade, onde estava localizado o dentista e a barbearia, subitamente me sinto viver uma tarde antiga, como se a vida tivesse voltado um instante.

São lembranças vivas, carregadas de saudade. Paro um momento e regresso ao dia de hoje, com todos os jogos do destino já idos e jogados. Continuei pensando, absorto nos meus monólogos internos.

Quem perde um pai ou uma mãe fica com esta queimadura interna até o fim de seus dias, não gostava de comemorar o aniversário, muitos passamos em Queimadas, onde havia os festejos de Santo Antônio, com meu avô Joãozinho, que era craque em todo tipo de problema prático, tinha uma estante com todo tipo de ferramenta, tornava fácil o difícil, solucionava encrencas, era cauteloso e precavido. Em dia de feira, sua casa, com as duas janelas quadradas que davam para a rua, estavam abertas. Ele era coletor federal, mas parecia um médico, de tantas pessoas que o procuravam.

Quando penso em Queimadas, eu me pergunto quantas pessoas fascinantes convivi na minha infância neste dia do aniversário de meu pai, minha vó Mundinha(de criação), os primos, tia Nira, e tantas outras, faria noventa e três anos.

Sua bela vida, sua bondade, e seu caráter permanecem vivos na minha memória, sei que tudo com o tempo se esvai, como o fumo delével. Na curta passagem da vida, confundem-se à distância todos os traços, os que marcam os caminhos da alegria, como os que vêm da tristeza… A saudade do passado é o nevoeiro que envolve tudo na mesma claridade enganadora e opaca.

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